Setembro é o mês internacional de prevenção ao suicídio, um problema que
já é considerado de saúde pública. Estudos vêm sendo realizados e apontam que
os médicos veterinários estão em maior risco de suicídio em comparação com a
população em geral. Em grupos ocupacionais, já foram verificadas taxas de
suicídio significativamente elevadas em veterinários do Reino Unido, Bélgica,
Estados Unidos, Noruega e Austrália. As pesquisas tem como objetivo, além do
mapeamento, o desenvolvimento de
estratégias de prevenção ao problema que recentemente, através das redes
sociais e de campanhas educativas vem se dando publicidade e sendo mais
abertamente discutido.
Na Austrália foram investigados casos de suicídios de veterinários entre
os anos de 2001 a 2012. Nesse período,
18 veterinários cometeram suicídio, sendo que 80% deles foram provocados por
drogas eutanasiantes. Diz o estudo, que de acordo com a teoria interpessoal de
suicídio de Joiner, o risco de suicídio aumenta à medida que os indivíduos se
tornam habituados à morte, pois isso resulta na redução das inibições sobre o
tema.
Nos Estados Unidos, um estudo mais recente apoiou a ligação entre a
habituação e a diminuição da inibição sobre a morte entre os veterinários,
mostrando associação positiva entre a exposição repetida à eutanásia e o
destemor da morte entre estudantes de veterinária. Essa pesquisa, realizada sobre a saúde mental
dos veterinários americanos, mostrou que
eles são mais propensos a sofrer de transtornos psiquiátricos, depressão e ter
pensamentos suicidas em comparação com a população adulta dos Estados Unidos,
mostrando que cerca de um em cada 10 médicos veterinários dos EUA podem
apresentar sofrimento psíquico grave, e mais de um em cada seis poderiam ter
pensado em suicídio desde a graduação. Durante 1 de julho a 20 de outubro de
2014, um questionário foi disponibilizado na WEB através de Redes de
Informações Veterinárias e mensagens de e-mail aos veterinários de 49 Estados e
Porto Rico. O questionário perguntou aos entrevistados sobre suas experiências
com depressão e comportamento suicida e incluíram questões padronizadas da
escala de angústia psicológica Kessler-6 que avalia a presença de doença mental
grave. O resultado apresentado foi baseado nas respostas de 10.254 veterinários
atualmente empregados (10,3% de todos os veterinários dos EUA empregados). Dr. Randall
Nett, responsável pelo grupo de pesquisa
chamou a atenção que ainda devem se ter mais dados adicionais sobre o assunto para poder identificar causas e métodos de prevenção efetivos.

Estudos que vem sendo realizados em diferentes países chamam a atenção que
o acesso e o conhecimento de meios letais não são o único fator de risco para o
suicídio no grupo em questão. As condições de trabalho psicossocial adversas
têm sido associadas ao suicídio veterinário, tais como longas horas de
trabalho, altas cargas de trabalho, baixo equilíbrio entre o trabalho e a vida
pessoal, a atitude dos clientes e o estresse sobre a realização da eutanásia.
Além disso, alguns riscos individuais para o suicídio entre os veterinários
incluem altos níveis de ansiedade, depressão, estresse e burnout, padrões elevados de desempenho e cobranças pessoais e uso
de álcool e drogas.
É
necessário informar que os casos de suicídio na população em geral estão
aumentando e que os fatores já citados no caso em tela não aumentam o risco de
suicídio para os profissionais que não
são vulneráveis. Falar sobre o tema é importante para conhecimento e prevenção.
Alguns passos são listados na Campanha Setembro Amarelo que é o Mês
Internacional do Combate ao Suicídio e busca conscientizar a população para que
fale sobre o tema. Entre eles: procurar ajuda profissional imediatamente
buscando o auxílio imediato de um profissional de saúde mental se estiver contemplando
a ideia de suicídio; ligar ou ir ao hospital; conversar imediatamente com uma
pessoa de confiança; esperar pela ajuda.
No Brasil pode-se ligar para o telefone de
emergência ou para o CVV - Centro de Valorização da Vida, através do número 144;
também pode acessar o site do CVV para obter ajuda através do chat, Skype ou e-mail (https://www.cvv.org.br/)
Fonte:
Milner,
A.J. Suicide in veterinarians
and veterinary nurses in Australia: 2001–2012. Australian
Veterinary Journal V. 93, N.9, p. 308–310, Sept. 2015.
Nett, Randall J. et al. Prevalence of Risk Factors for Suicide
Among Veterinarians — United States, 2014. MMWR . Vol. 64
/ N. 5. February , 2015.
Platt, Belinda
et al. Suicidal behaviour and psychosocial problems in veterinary surgeons: a
systematic review. Soc Psychiatry Psychiatr Epidemiol. V. 47, p.223–240,
2012.