O Lush Prize é uma premiação anual concebida para apoiar
as organizações que trabalham para substituir a experimentação em animais por
métodos não-animais cientificamente válidos. O fundo anual do prêmio é de £ 250.000 ( aproximadamente R$ 1 milhão), sendo o maior no setor de
testes não-animais, que é dividido em várias categorias. Na sua quarta edição, Róber Bachinski, do Rio Grande do Sul , foi o
primeiro brasileiro a ganhar o prêmio. Realizando pós-doutorado na Universidade
Federal Fluminense, sua pesquisa com modelos de culturas de células em 3D e alternativas
de usos para educação científica foi a responsável pela premiação na categoria
de Jovem Pesquisador. Róber pretende
aplicar o valor em projetos de pesquisa que substituam animais utilizados em
educação e também na criação de um Instituto que tenha como conceito
somente 1R. O conceito dos três “Rs” da pesquisa em animais: Replace,
Reduce e Refine, vem norteando a
experimentação em animais e não impede a
utilização de modelos animais em experimentação, mas faz uma adequação no
sentido de humanizá-la. Em 2014 , um dos palestrantes da Lush Prize Conference, Dr. Thomas Hartung falou sobre o
tema “ Is 1R the new 3Rs?” já chamando a atenção para os avanços mundiais na
área e a possibilidade da substituição total (Replace) na utilização de
animais. O pesquisador recebeu o troféu das mãos de outro brasileiro, o
professor de biologia do Instituto de Ciência e Tecnologia da Universidade
Federal de Alfenas (MG), Thales Tréz, que faz parte do júri desde a edição
anterior.
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RÓBER BACHINSKI RECEBENDO O PREMIO DO PROFESSOR THALES TRÉZ |
O Rio Grande
do Sul desde muitos anos tem uma preocupação muito grande em relação ao
Bem-Estar Animal, e já tem tradição na realização de trabalhos que visem a substituição de animais sadios na educação. Em 2004 , a professora Beatriz Kosachenco , junto com uma
equipe de colegas, na qual eu estava incluída, recebeu o prêmio de melhor
trabalho no 1o Fórum Internacional de BEA promovido pelo CRMVRS. O
ensino da cirurgia veterinária com ética e bem-estar animal foi o
título do trabalho e este mostrava as modificações no programa prático das
disciplinas de Cirurgia do Curso de Medicina Veterinária da ULBRA, realizadas
objetivando diminuir a utilização de animais sadios para as aulas práticas. Em
substituição aos 30 cães sadios provenientes de Centros de Controle de
Zoonoses, foram utilizadas alternativas como cadáveres e peças anatômicas
oriundas de frigoríficos, além de pacientes com patologias diversas cujos
proprietários eram carentes, proporcionando um perfeito desenvolvimento das habilidades
cirúrgicas iniciais que o aluno de medicina veterinária necessita. Um programa
de castração de cães e gatos foi disponibilizado aos alunos possibilitando um
treinamento mais efetivo na técnica cirúrgica e anestésica, o que permitiu o
aprimoramento da técnica operatória, o desenvolvimento da consciência e do raciocínio
cirúrgico e alertá-los quanto às responsabilidades frente ao animal. Esse
trabalho, realizado há dez anos atrás, somou-se a um dos programas pioneiros em
não utilização de animais sadios nas aulas de cirurgia veterinária que vem sendo desenvolvido e aprimorado pela
USP em São Paulo. A Faculdade de Medicina da UFRGS não utliza animais para suas aulas de técnica cirúrgica.