quarta-feira, 15 de abril de 2015

RÓBER BACHINSKI, primeiro brasileiro a ganhar o Lush Prize , prêmio concebido par apoiar a substituição de animais em experimentação.

O Lush Prize  é uma premiação anual concebida para apoiar as organizações que trabalham para substituir a experimentação em animais por métodos não-animais cientificamente válidos. O fundo anual do prêmio é de  £ 250.000 ( aproximadamente  R$ 1 milhão), sendo o maior no setor de testes não-animais, que é dividido em várias categorias.  Na sua quarta edição,  Róber Bachinski, do Rio Grande do Sul , foi o primeiro brasileiro a ganhar o prêmio. Realizando pós-doutorado na Universidade Federal Fluminense, sua pesquisa com modelos de culturas de células em 3D e alternativas de usos para educação científica foi a responsável pela premiação na categoria de Jovem Pesquisador.  Róber pretende aplicar o valor em projetos de pesquisa que substituam animais utilizados em educação e também na criação de um Instituto que tenha como conceito somente  1R. O conceito dos  três “Rs” da pesquisa em animais: Replace, Reduce e Refine,  vem norteando a experimentação em animais e  não impede a utilização de modelos animais em experimentação, mas faz uma adequação no sentido de humanizá-la. Em 2014 , um dos palestrantes da Lush Prize  Conference, Dr. Thomas Hartung falou sobre o tema “ Is 1R the new 3Rs?” já chamando a atenção para os avanços mundiais na área e a possibilidade da substituição total (Replace) na utilização de animais. O pesquisador recebeu o troféu das mãos de outro brasileiro, o professor de biologia do Instituto de Ciência e Tecnologia da Universidade Federal de Alfenas (MG), Thales Tréz, que faz parte do júri desde a edição anterior.
RÓBER BACHINSKI RECEBENDO O PREMIO DO PROFESSOR THALES TRÉZ
    O Rio Grande do Sul desde muitos anos tem uma preocupação muito grande em relação ao Bem-Estar Animal, e já tem tradição na realização de trabalhos que visem a substituição de animais sadios na educação. Em 2004 , a professora Beatriz Kosachenco , junto com uma equipe de colegas, na qual eu estava incluída, recebeu o prêmio de melhor trabalho no 1o Fórum Internacional de BEA promovido pelo CRMVRS. O ensino da cirurgia veterinária com ética e bem-estar animal foi o título do trabalho e este mostrava as modificações no programa prático das disciplinas de Cirurgia do Curso de Medicina Veterinária da ULBRA, realizadas objetivando diminuir a utilização de animais sadios para as aulas práticas. Em substituição aos 30 cães sadios provenientes de Centros de Controle de Zoonoses, foram utilizadas alternativas como cadáveres e peças anatômicas oriundas de frigoríficos, além de pacientes com patologias diversas cujos proprietários eram carentes, proporcionando um perfeito desenvolvimento das habilidades cirúrgicas iniciais que o aluno de medicina veterinária necessita. Um programa de castração de cães e gatos foi disponibilizado aos alunos possibilitando um treinamento mais efetivo na técnica cirúrgica e anestésica, o que permitiu o aprimoramento da técnica operatória, o desenvolvimento da consciência e do raciocínio cirúrgico e alertá-los quanto às responsabilidades frente ao animal. Esse trabalho, realizado há dez anos atrás, somou-se a um dos programas pioneiros em não utilização de animais sadios nas aulas de cirurgia veterinária  que vem sendo desenvolvido e aprimorado pela USP em São Paulo. A Faculdade de Medicina da UFRGS não utliza animais para suas aulas de técnica cirúrgica. 
PROFESSORA BEATRIZ KOSACHENCO RECEBENDO O PRÊMIO BEA EM 2004.

quarta-feira, 1 de abril de 2015

CHOCOLATE É TÓXICO PARA CÃES E GATOS

          A metabolização dos alimentos em cães e gatos é diferente dos humanos, assim alimentos que não causam problemas em pessoas podem causar intoxicações em animais.         Esse é o caso do chocolate, muito tóxico para cães e gatos. A intoxicação em gatos é três vezes menos frequente do que em cães, pois esses animais têm hábitos alimentares mais exigentes. Os cães gostam muito de chocolate, mas esse tem na sua composição alcalóides da família das metilxantinas,  a teobromina e a cafeína. A primeira tem maior concentração e está presente na manteiga de cacau. A teobromina tem ação diurética, é estimulante cardíaca e vasoconstritora; em excesso é toxica e pode levar a morte. Quanto mais escuro for o chocolate maior quantidade de teobromina ele terá. 
Chocolate branco tem mais substâncias lipídicas e menor quantidade de teobromina sendo menos tóxico para os animais. Ou seja, os chocolates meio-amargo e amargo oferecem maior risco de intoxicação. Os cães metabolizam a teobromina muito lentamente, diferente dos humanos e esta pode permanecer no organismo por até seis dias. Quanto menor o cão, maior a possibilidade de intoxicar-se; filhotes são mais susceptíveis.  Os efeitos vão depender então do peso, da dosagem e do tipo de chocolate.  Os sinais clínicos desta intoxicação geralmente ocorrem dentro de seis a 12 horas após a ingestão e doses fatais podem levar a morte  após 24 horas. Em cães, a dose tóxica é de 100 a 165 mg/kg e em gatos é de 80 a 150 mg/kg, porém já existem relatos de sinais de intoxicação, como vômitos e diarréia, com ingestão de apenas 20mg/kg. A dose letal está  perto de 200 mg/kg


Sinais clínicos:  os animais apresentam polidipsia (bebem muita água), vômito, diarreia, movimentos desordenados (ataxia), tremores, convulsões, respiração ofegante, taquicardia, cianose (gengiva e mucosa ocular arroxeadas), coma e morte.
      O tratamento é  sintomático  e a indução do vômito e lavagem gástrica deve ser tentadas se a intoxicação ocorrer há menos de duas horas. Fluidoterapia, monitoramento cardíaco e controle das convulsões são necessários. Como a meia-vida da teobromina é longa, os sinais clínicos podem perdurar por até três dias sendo necessário acompanhamento permanente pelo médico veterinário.
Fique atento:

      Uma barra de 100 g de chocolate ao leite contém aproximadamente 150 mg de teobromina; uma barra de 100 g de chocolate meio-amargo contém aproximadamente  520mg de teobromina. Exemplificando, um cão de dois kg ingerindo meia barra de chocolate meio-amargo apresentará uma intoxicação grave que pode levar a morte; quatro barras de chocolate meio-amargo de 100 gr são necessárias para uma intoxicação grave e possivelmente fatal em um cão de 10 kg.