terça-feira, 12 de setembro de 2017

SETEMBRO AMARELO: Mês Internacional do Combate ao Suicídio. Vamos falar sobre isso?

         Setembro é o mês internacional de prevenção ao suicídio, um problema que já é considerado de saúde pública. Estudos vêm sendo realizados e apontam que os médicos veterinários estão em maior risco de suicídio em comparação com a população em geral. Em grupos ocupacionais, já foram verificadas taxas de suicídio significativamente elevadas em veterinários do Reino Unido, Bélgica, Estados Unidos, Noruega e Austrália. As pesquisas tem como objetivo, além do mapeamento,  o desenvolvimento de estratégias de prevenção ao problema que recentemente, através das redes sociais e de campanhas educativas vem se dando publicidade e sendo mais abertamente discutido.
         Na Austrália foram investigados casos de suicídios de veterinários entre os anos de  2001 a 2012. Nesse período, 18 veterinários cometeram suicídio, sendo que 80% deles foram provocados por drogas eutanasiantes. Diz o estudo, que de acordo com a teoria interpessoal de suicídio de Joiner, o risco de suicídio aumenta à medida que os indivíduos se tornam habituados à morte, pois isso resulta na redução das inibições sobre o tema. 
         Nos Estados Unidos, um estudo mais recente apoiou a ligação entre a habituação e a diminuição da inibição sobre a morte entre os veterinários, mostrando associação positiva entre a exposição repetida à eutanásia e o destemor da morte entre estudantes de veterinária.  Essa pesquisa, realizada sobre a saúde mental dos veterinários americanos,  mostrou que eles são mais propensos a sofrer de transtornos psiquiátricos, depressão e ter pensamentos suicidas em comparação com a população adulta dos Estados Unidos, mostrando que cerca de um em cada 10 médicos veterinários dos EUA podem apresentar sofrimento psíquico grave, e mais de um em cada seis poderiam ter pensado em suicídio desde a graduação. Durante 1 de julho a 20 de outubro de 2014, um questionário foi disponibilizado na WEB através de Redes de Informações Veterinárias e mensagens de e-mail aos veterinários de 49 Estados e Porto Rico. O questionário perguntou aos entrevistados sobre suas experiências com depressão e comportamento suicida e incluíram questões padronizadas da escala de angústia psicológica Kessler-6 que avalia a presença de doença mental grave. O resultado apresentado foi baseado nas respostas de 10.254 veterinários atualmente empregados (10,3% de todos os veterinários dos EUA empregados). Dr. Randall  Nett, responsável pelo grupo de pesquisa chamou a atenção que ainda devem se ter mais dados adicionais  sobre o assunto para poder identificar causas e métodos de prevenção efetivos.



 Estudos que vem sendo realizados em diferentes países chamam a atenção que o acesso e o conhecimento de meios letais não são o único fator de risco para o suicídio no grupo em questão. As condições de trabalho psicossocial adversas têm sido associadas ao suicídio veterinário, tais como longas horas de trabalho, altas cargas de trabalho, baixo equilíbrio entre o trabalho e a vida pessoal, a atitude dos clientes e o estresse sobre a realização da eutanásia. Além disso, alguns riscos individuais para o suicídio entre os veterinários incluem altos níveis de ansiedade, depressão, estresse e burnout, padrões elevados de desempenho e cobranças pessoais e uso de álcool e drogas.
       É necessário informar que os casos de suicídio na população em geral estão aumentando e que os fatores já citados no caso em tela não aumentam o risco de suicídio para os profissionais  que não são vulneráveis. Falar sobre o tema é importante para conhecimento e prevenção. Alguns passos são listados na Campanha Setembro Amarelo que é o Mês Internacional do Combate ao Suicídio e busca conscientizar a população para que fale sobre o tema. Entre eles: procurar ajuda profissional imediatamente buscando o auxílio imediato de um profissional de saúde mental se estiver contemplando a ideia de suicídio; ligar ou ir ao hospital; conversar imediatamente com uma pessoa de confiança; esperar pela ajuda.
        No Brasil pode-se ligar para o telefone de emergência ou para o CVV - Centro de Valorização da Vida, através do número 144; também pode acessar o site do CVV para obter ajuda através do chat, Skype ou e-mail (https://www.cvv.org.br/)

Fonte:
Milner, A.J. Suicide in veterinarians and veterinary nurses in Australia: 2001–2012. Australian Veterinary Journal V. 93, N.9, p. 308–310,  Sept. 2015.

Nett, Randall J. et al.  Prevalence of Risk Factors for Suicide Among Veterinarians — United States, 2014. MMWR . Vol. 64 / N. 5. February , 2015.


Platt, Belinda et al. Suicidal behaviour and psychosocial problems in veterinary surgeons: a systematic review. Soc Psychiatry Psychiatr Epidemiol. V. 47, p.223–240, 2012.

terça-feira, 14 de julho de 2015

COMO PERSUADIR UMA OVELHA A ADOTAR UM CORDEIRO ÓRFÃO

          O comportamento das ovelhas após a parição é um diferencial para a criação do cordeiro. Um dos maiores problemas em partos duplos ou triplos é a rejeição de um dos cordeiros pela mãe. Algumas ovelhas permanecem com o rebanho durante o parto e outras podem buscar o isolamento. O relacionamento da mãe e do filho logo após o nascimento é crucial para o bom desenvolvimento do cordeiro. Poucos segundos após o parto a ovelha já começa a lamber vigorosamente o cordeiro e este deve encontrar os tetos dentro de uma a duas horas após o nascimento; pistas visuais são importantes nesse momento para a localização dos tetos. Cordeiros estranhos podem ser aceitos imediatamente após o nascimento e ovelhas que perderam crias podem adotar recém-nascidos. Porém, agregar cordeiros de outras mães é um manejo  limitado pela inabilidade de reconhecimento do odor entre a mãe e os filhos.
         Cordeiros reconhecem suas mães pelas vocalizações próprias enquanto que as mães reconhecem seus cordeiros pelo cheiro , pela visão e pela vocalização. Segundo pesquisadores, o olfato é o principal fator de reconhecimento para que as mães permitam que os cordeiros mamem.  Esses sinais podem ter formas diferenciadas e graus de importância dependendo da raça, do tamanho dos rebanhos e do ambiente.  
        O número de cordeiros paridos está relacionado com a capacidade de reconhecimento por parte da mãe de seus filhos, ou seja, em partos triplos, o ultimo cordeiro tem mais dificuldade de ser aceito pela mãe, assim como o segundo terá menos dificuldade perante o terceiro e mais dificuldade frente ao primeiro cordeiro nascido. 
              A proximidade da mãe com o cordeiro é muito importante nos primeiros dias de vida do recém-nascido. No dia do nascimento a mãe fica a um metro do cordeiro; o fornecimento de água, comida e abrigo é muito importante. A distância de alguns metros somente ocorre quando o cordeiro tem de dois à três dias de idade. A amamentação é o maior vínculo que se estabelece entre mãe e  filhos e é o ponto principal para ter cordeiros fortes.
        A adoção de um cordeiro órfão ou do terceiro cordeiro de parto triplo é um trabalho difícil, que requer uma dedicação do criador e que nem sempre dá resultados.

- Utilização de colar elisabetano.

Esses colares são utilizados para o pós-cirúrgico de cães. O número indicado para ovinos é o número 30, dependendo do tamanho da ovelha pode ser maior ou menor.  Essa técnica impossibilita o contato visual e olfativo da mãe com o cordeiro adotado. Recomenda-se a utilização por no máximo três dias. Se nesse tempo não tiver êxito a aproximação, dificilmente ela ocorrerá.


- Utilização de cão de pastoreio.

Colocar o cão no box com a ovelha e o cordeiro órfão por aproximadamente  3 a 4 minutos, repetindo duas vezes ao dia. O instinto materno será estimulado pela mãe na proteção do filho, ao mesmo tempo em que o cordeiro irá chegar próximo da mãe com o sentido de abrigar-se . Esse manejo poderá ser realizado por três dias no máximo.  Se nesse tempo não tiver êxito a aproximação, dificilmente ela ocorrerá.

(selecionamos sugestões coletadas em livros sobre o assunto)


segunda-feira, 1 de junho de 2015

TOXOPLASMOSE: OS GATOS NÃO SÃO OS CULPADOS



Um post tem chamado a atenção na internet falando sobre a Toxoplasmose e mostrando uma larva dentro do olho de uma pessoa e informando que a pessoa depois de sentir um “cisco no olho” foi ao médico e o diagnóstico foi de toxoplasmose. Como sempre colocando a culpa nos gatos que desde a antiguidade sofrem com a discriminação fruto de ignorância popular. O que me chocou nessa publicação foi a quantidade de absurdos colocados em uma postagem que até parecia científica. Ou a pessoa que fez isso é muito mal informada e não conseguiu utilizar a internet como uma ferramenta de auxilio ou, era mal intencionada. Inúmeros post são apresentados onde é explicada a via de transmissão da Toxoplasmose bem como o papel do gato nessa transmissão, por isso a surpresa e até a repulsa em ver uma postagem dessa natureza. O gato é o hospedeiro definitivo do agente, Toxoplasma gondii, que não é vírus, nem bactéria, mas sim um protozoário. Para esse protozoário cumprir seu ciclo necessita do hospedeiro definitivo que é o gato e outros felídeos. O homem e demais animais são os hospedeiros intermediários. Eles se infectam quando ingerem oocistos eliminados através das fezes dos gatos. Portanto, somente um contato direto das fezes de gatos contaminados  através de ingestão é que pode contaminar o homem.  A carne mal cozida é a causa mais comum do homem se infectar e contrair a enfermidade, que na maioria dos casos é subclínica e assintomática. Já, gestantes
não imunes, quando se infectam, podem os fetos apresentar lesões.  Pessoas com imunidade baixa quando infectadas podem também desenvolver uma forma muita grave de toxoplasmose.
 A prevenção passa por hábitos de higiene pessoal e dos alimentos. Carne bem cozida é recomendada pois os cistos são inativados a 65° por um período de cinco minutos.

sexta-feira, 22 de maio de 2015

ENRIQUECIMENTO AMBIENTAL: UMA NOVA REALIDADE PARA ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO

      Não podemos falar em enriquecimento ambiental sem tocar em bem-estar animal , e falando sobre BEA ligamos imediatamente à estresse , ou seja , aspectos fisiológicos, comportamentais e emocionais .  Bastante difundido na década de 80, o enriquecimento ambiental começou a ser utilizado principalmente em zoológicos para melhorar a qualidade de vida dos animais em cativeiro. Buscava-se  aproximar o ambiente do cativeiro daquele que o animal teria em condições naturais no seu habitat. Com isso, a conservação da espécie teria mais garantias uma vez que se criavam condições semelhantes àquelas que possibilitavam a sobrevivência e a reprodução dos animais, melhorando consequentemente sua qualidade de vida.
      Utilizado também para animais de produção, além dos animais silvestres, o termo passou também a fazer parte da vida dos animais de estimação. Ações de enriquecimento ambiental começaram a serem utilizadas para cães e gatos, uma vez que com a urbanização esses animais tornaram-se companhias constantes de pessoas que vivem em apartamentos. A questão é como tornar esses locais próprios para que os animais de estimação possam expressar o comportamento natural de sua espécie.  Cada vez mais nos deparamos com tutores que dizem que seus animais destroem móveis e objetos quando na verdade o que pode estar acontecendo é que os animais não estão tendo estímulos corretos e acabam se entediando.  Um manejo adequado e a colocação de alguns itens no ambiente pode trazer uma mudança significativa na vida do cão ou gato, que podem expressar seu comportamento tendo suas necessidades atendidas. Quem decide ter um cão deve saber que eles precisam se exercitar para gastar energia e que são animais sociáveis, não gostam de estar sozinhos.  Cães que passam muito tempo sozinhos, sem gastar energia,  podem apresentar problemas como estereotipias( movimentos repetitivos como correr atrás de sua própria cola) , excesso de latidos , destruição do ambiente.  Já o gato não se importa de ficar sozinho várias horas, mas pela sua anatomia tem a necessidade se arranhar para afiar suas unhas e limpá-las, ao mesmo tempo que necessita alongar seus músculos e gosta de desafios como se estivesse caçando, semelhante aos grandes felinos.

      Sentindo essa necessidade na própria pele, um grupo de amigos que tinham como animais de estimação os gatos  Angus e Ozzy resolveram fazer um projeto para os animais que sofriam com a falta de espaço e não podiam expressar seu comportamento normal . Alex Barcelos (projetista), Aline Klein (Designer de produto) e Douglas Alves (Designer de produto) fizeram um projeto especial para seus felinos e assim nasceu SE ESSA CASA FOSSE MINHA (SECFM- facebook.com/secfm). Além dos felinos serem atendidos nos projetos, o trio já está desenvolvendo uma linha de  produtos para cães, seguindo com a proposta  de satisfazer o bichinho de estimação e o tutor quando o assunto for DESIGN DE INTERIORES. O protagonista , segundo eles são os pets, mas não deixam de lado o dono dos animaizinhos.
Alex Barcelos, Aline Klein, Douglas Alves 

Alguns indicativos que seu pet está entediado e necessita de estímulo para expressar seu comportamento natural:

Cães: destruir objetos, excesso de latidos e uivos, roer móveis e batentes de portas, depressão,   andar de um lado para outro, correr atrás do rabo, correr em círculos, urinar e defecar em locais diferentes do habitual.
Gatos:  ficar escondido muito tempo dentro de sua casinha e atacar pessoas ou animais que passam na frente, não ter interesse em brincar, miar mais do que o normal, seguir o dono por todo o lugar, arranhar em excesso os móveis, urinar e defecar fora de sua caixinha marcando território.


Um médico veterinário poderá avaliar a situação.  Caso seu pet apresente esses sinais quem sabe não é a hora de entrar com medidas que atendam as necessidades comportamentais, afinal, PETS FELIZES, TUTORES TAMBÉM FELIZES!

quarta-feira, 15 de abril de 2015

RÓBER BACHINSKI, primeiro brasileiro a ganhar o Lush Prize , prêmio concebido par apoiar a substituição de animais em experimentação.

O Lush Prize  é uma premiação anual concebida para apoiar as organizações que trabalham para substituir a experimentação em animais por métodos não-animais cientificamente válidos. O fundo anual do prêmio é de  £ 250.000 ( aproximadamente  R$ 1 milhão), sendo o maior no setor de testes não-animais, que é dividido em várias categorias.  Na sua quarta edição,  Róber Bachinski, do Rio Grande do Sul , foi o primeiro brasileiro a ganhar o prêmio. Realizando pós-doutorado na Universidade Federal Fluminense, sua pesquisa com modelos de culturas de células em 3D e alternativas de usos para educação científica foi a responsável pela premiação na categoria de Jovem Pesquisador.  Róber pretende aplicar o valor em projetos de pesquisa que substituam animais utilizados em educação e também na criação de um Instituto que tenha como conceito somente  1R. O conceito dos  três “Rs” da pesquisa em animais: Replace, Reduce e Refine,  vem norteando a experimentação em animais e  não impede a utilização de modelos animais em experimentação, mas faz uma adequação no sentido de humanizá-la. Em 2014 , um dos palestrantes da Lush Prize  Conference, Dr. Thomas Hartung falou sobre o tema “ Is 1R the new 3Rs?” já chamando a atenção para os avanços mundiais na área e a possibilidade da substituição total (Replace) na utilização de animais. O pesquisador recebeu o troféu das mãos de outro brasileiro, o professor de biologia do Instituto de Ciência e Tecnologia da Universidade Federal de Alfenas (MG), Thales Tréz, que faz parte do júri desde a edição anterior.
RÓBER BACHINSKI RECEBENDO O PREMIO DO PROFESSOR THALES TRÉZ
    O Rio Grande do Sul desde muitos anos tem uma preocupação muito grande em relação ao Bem-Estar Animal, e já tem tradição na realização de trabalhos que visem a substituição de animais sadios na educação. Em 2004 , a professora Beatriz Kosachenco , junto com uma equipe de colegas, na qual eu estava incluída, recebeu o prêmio de melhor trabalho no 1o Fórum Internacional de BEA promovido pelo CRMVRS. O ensino da cirurgia veterinária com ética e bem-estar animal foi o título do trabalho e este mostrava as modificações no programa prático das disciplinas de Cirurgia do Curso de Medicina Veterinária da ULBRA, realizadas objetivando diminuir a utilização de animais sadios para as aulas práticas. Em substituição aos 30 cães sadios provenientes de Centros de Controle de Zoonoses, foram utilizadas alternativas como cadáveres e peças anatômicas oriundas de frigoríficos, além de pacientes com patologias diversas cujos proprietários eram carentes, proporcionando um perfeito desenvolvimento das habilidades cirúrgicas iniciais que o aluno de medicina veterinária necessita. Um programa de castração de cães e gatos foi disponibilizado aos alunos possibilitando um treinamento mais efetivo na técnica cirúrgica e anestésica, o que permitiu o aprimoramento da técnica operatória, o desenvolvimento da consciência e do raciocínio cirúrgico e alertá-los quanto às responsabilidades frente ao animal. Esse trabalho, realizado há dez anos atrás, somou-se a um dos programas pioneiros em não utilização de animais sadios nas aulas de cirurgia veterinária  que vem sendo desenvolvido e aprimorado pela USP em São Paulo. A Faculdade de Medicina da UFRGS não utliza animais para suas aulas de técnica cirúrgica. 
PROFESSORA BEATRIZ KOSACHENCO RECEBENDO O PRÊMIO BEA EM 2004.

quarta-feira, 1 de abril de 2015

CHOCOLATE É TÓXICO PARA CÃES E GATOS

          A metabolização dos alimentos em cães e gatos é diferente dos humanos, assim alimentos que não causam problemas em pessoas podem causar intoxicações em animais.         Esse é o caso do chocolate, muito tóxico para cães e gatos. A intoxicação em gatos é três vezes menos frequente do que em cães, pois esses animais têm hábitos alimentares mais exigentes. Os cães gostam muito de chocolate, mas esse tem na sua composição alcalóides da família das metilxantinas,  a teobromina e a cafeína. A primeira tem maior concentração e está presente na manteiga de cacau. A teobromina tem ação diurética, é estimulante cardíaca e vasoconstritora; em excesso é toxica e pode levar a morte. Quanto mais escuro for o chocolate maior quantidade de teobromina ele terá. 
Chocolate branco tem mais substâncias lipídicas e menor quantidade de teobromina sendo menos tóxico para os animais. Ou seja, os chocolates meio-amargo e amargo oferecem maior risco de intoxicação. Os cães metabolizam a teobromina muito lentamente, diferente dos humanos e esta pode permanecer no organismo por até seis dias. Quanto menor o cão, maior a possibilidade de intoxicar-se; filhotes são mais susceptíveis.  Os efeitos vão depender então do peso, da dosagem e do tipo de chocolate.  Os sinais clínicos desta intoxicação geralmente ocorrem dentro de seis a 12 horas após a ingestão e doses fatais podem levar a morte  após 24 horas. Em cães, a dose tóxica é de 100 a 165 mg/kg e em gatos é de 80 a 150 mg/kg, porém já existem relatos de sinais de intoxicação, como vômitos e diarréia, com ingestão de apenas 20mg/kg. A dose letal está  perto de 200 mg/kg


Sinais clínicos:  os animais apresentam polidipsia (bebem muita água), vômito, diarreia, movimentos desordenados (ataxia), tremores, convulsões, respiração ofegante, taquicardia, cianose (gengiva e mucosa ocular arroxeadas), coma e morte.
      O tratamento é  sintomático  e a indução do vômito e lavagem gástrica deve ser tentadas se a intoxicação ocorrer há menos de duas horas. Fluidoterapia, monitoramento cardíaco e controle das convulsões são necessários. Como a meia-vida da teobromina é longa, os sinais clínicos podem perdurar por até três dias sendo necessário acompanhamento permanente pelo médico veterinário.
Fique atento:

      Uma barra de 100 g de chocolate ao leite contém aproximadamente 150 mg de teobromina; uma barra de 100 g de chocolate meio-amargo contém aproximadamente  520mg de teobromina. Exemplificando, um cão de dois kg ingerindo meia barra de chocolate meio-amargo apresentará uma intoxicação grave que pode levar a morte; quatro barras de chocolate meio-amargo de 100 gr são necessárias para uma intoxicação grave e possivelmente fatal em um cão de 10 kg.


terça-feira, 17 de março de 2015

A morte de um animal é a perda de um amor incondicional. Nunca estamos preparados para isso!

A dor pela perda de um animal é muito grande e já é reconhecido por psicólogos que o luto decorrente dessa perda é semelhante ao luto com a perda de uma pessoa. A morte de um animal é a perda de um amor incondicional.  Em crianças, idosos e casais sem filhos esse sentimento pode ser muito mais intenso. As crianças tendem a ficar menos tempo enlutadas, mas o sentimento tem a mesma intensidade. Preparando-as para isso fica mais fácil, uma vez que o ciclo de vida dos animais é menor do que o dos seres humanos.  Acompanhando o ciclo de vida deles conseguimos entender e nos preparar para o nosso próprio ciclo de vida.  Quando a morte de um animal já é esperada pela questão da idade sendo ele idoso vamos nos organizando para isso, embora a dor seja igual e demoramos até aceitar o luto e estarmos prontos para ter outro animal. Porém nunca estamos preparados para a morte de nosso animal de estimação em circunstâncias em que seu tempo de vida natural foi abreviado. Comum hoje em dia são os atropelamentos decorrentes de fugas.  Casos graves, de fraturas múltiplas, geralmente levam ao óbito. Também nos deparamos com casos de brigas entre animais que defendem seu território. As lesões podem ser tão sérias que mesmo com intervenção imediata do médico veterinário alguns casos nada podem ser feito.  Podemos ainda nos deparar com complicações decorrentes de uma cirurgia, mesmo que eletiva, em um animal saudável. Toda a cirurgia envolve riscos, e estamos acostumados com isso quando se trata de humanos. Mesmo que todos os cuidados sejam tomados é necessário considerar as respostas individuais de cada paciente. Existe, ainda, na pratica veterinária uma resistência à realização de exames laboratoriais prévios principalmente pela questão do custo, não sendo autorizado pelo proprietário.  Isso é um dado interessante pois quando se trata de humanos ninguém pergunta, simplesmente  os exames são  realizados pois essa questão já está incutida na população. Com os animais também deveria ser assim.   Várias fases acontecem com o tutor  entre e após a morte do animal. Quando ainda vivo, porém em estado terminal  ocorrem as fases de negação, choque, isolamento.  A fase da raiva ocorre quando os tutores se dão conta da realidade, da morte do animal e ficam zangados disparando sentimentos de raiva em todas as direções. Podem se sentir traídos pelo animal que não mais está ali, pelos membros da família que não demonstram a dor da mesma maneira, pela sociedade, pelo médico veterinário e até mesmo por Deus. Embora a raiva indiscriminada não tenha lógica, o emocional do tutor  não permite que o mesmo não se sinta irado. A culpa pode ser a fase imediata, quando o tutor fica se perguntando se realmente fez correto. “Será que fiz o que podia?” “Será que deveria ter ouvido outro profissional?”, “Será que dei a atenção devida?” A culpa é recorrente pois o tutor também se sente responsável.  Em casos mais graves pode se instalar a depressão, principalmente em donos idosos e nesses casos o auxílio médico deve ser procurado. Já a fase da recuperação é a fase da aceitação da morte como algo que não poderá ser alterado e começam a vir, aos poucos, as recordações e se instala a saudade.  Não necessariamente todas as fases irão ocorrer, e algumas podem não ser experimentadas. Cada indivíduo é único nos seus sentimentos.  O tempo vai curando as feridas e chegará o dia das lembranças vividas e das brincadeiras vivenciadas. Chegará o tempo que a pessoa estará pronta para a chegada de um novo animal de estimação na família.