terça-feira, 17 de março de 2015

A morte de um animal é a perda de um amor incondicional. Nunca estamos preparados para isso!

A dor pela perda de um animal é muito grande e já é reconhecido por psicólogos que o luto decorrente dessa perda é semelhante ao luto com a perda de uma pessoa. A morte de um animal é a perda de um amor incondicional.  Em crianças, idosos e casais sem filhos esse sentimento pode ser muito mais intenso. As crianças tendem a ficar menos tempo enlutadas, mas o sentimento tem a mesma intensidade. Preparando-as para isso fica mais fácil, uma vez que o ciclo de vida dos animais é menor do que o dos seres humanos.  Acompanhando o ciclo de vida deles conseguimos entender e nos preparar para o nosso próprio ciclo de vida.  Quando a morte de um animal já é esperada pela questão da idade sendo ele idoso vamos nos organizando para isso, embora a dor seja igual e demoramos até aceitar o luto e estarmos prontos para ter outro animal. Porém nunca estamos preparados para a morte de nosso animal de estimação em circunstâncias em que seu tempo de vida natural foi abreviado. Comum hoje em dia são os atropelamentos decorrentes de fugas.  Casos graves, de fraturas múltiplas, geralmente levam ao óbito. Também nos deparamos com casos de brigas entre animais que defendem seu território. As lesões podem ser tão sérias que mesmo com intervenção imediata do médico veterinário alguns casos nada podem ser feito.  Podemos ainda nos deparar com complicações decorrentes de uma cirurgia, mesmo que eletiva, em um animal saudável. Toda a cirurgia envolve riscos, e estamos acostumados com isso quando se trata de humanos. Mesmo que todos os cuidados sejam tomados é necessário considerar as respostas individuais de cada paciente. Existe, ainda, na pratica veterinária uma resistência à realização de exames laboratoriais prévios principalmente pela questão do custo, não sendo autorizado pelo proprietário.  Isso é um dado interessante pois quando se trata de humanos ninguém pergunta, simplesmente  os exames são  realizados pois essa questão já está incutida na população. Com os animais também deveria ser assim.   Várias fases acontecem com o tutor  entre e após a morte do animal. Quando ainda vivo, porém em estado terminal  ocorrem as fases de negação, choque, isolamento.  A fase da raiva ocorre quando os tutores se dão conta da realidade, da morte do animal e ficam zangados disparando sentimentos de raiva em todas as direções. Podem se sentir traídos pelo animal que não mais está ali, pelos membros da família que não demonstram a dor da mesma maneira, pela sociedade, pelo médico veterinário e até mesmo por Deus. Embora a raiva indiscriminada não tenha lógica, o emocional do tutor  não permite que o mesmo não se sinta irado. A culpa pode ser a fase imediata, quando o tutor fica se perguntando se realmente fez correto. “Será que fiz o que podia?” “Será que deveria ter ouvido outro profissional?”, “Será que dei a atenção devida?” A culpa é recorrente pois o tutor também se sente responsável.  Em casos mais graves pode se instalar a depressão, principalmente em donos idosos e nesses casos o auxílio médico deve ser procurado. Já a fase da recuperação é a fase da aceitação da morte como algo que não poderá ser alterado e começam a vir, aos poucos, as recordações e se instala a saudade.  Não necessariamente todas as fases irão ocorrer, e algumas podem não ser experimentadas. Cada indivíduo é único nos seus sentimentos.  O tempo vai curando as feridas e chegará o dia das lembranças vividas e das brincadeiras vivenciadas. Chegará o tempo que a pessoa estará pronta para a chegada de um novo animal de estimação na família.

segunda-feira, 9 de março de 2015

INTERAÇÃO HOMEM-ANIMAL: EVITANDO RISCOS NO CUIDADO COM BOVINOS

Publicação no Jornal Zero Hora, do dia 11/10/2012, chamou a atenção para a morte de um peão que caiu em um açude e se afogou quando tentava fugir do ataque de um touro da raça holandesa. No relato, a esposa do peão disse que o mesmo tentava capturar o touro com uma corda. No Brasil não existem dados específicos sobre esse tipo de acidente, mas em outros países a morte de pessoas que lidam com animais, especialmente touros, apresentam números significativos. Nos Estados Unidos, um relatório onde foram analisadas as fatalidades que ocorreram entre os anos de 2003 e 2008, dá conta que aproximadamente 20 pessoas por ano morrem no país por ataques de bovinos. Estudo semelhante foi realizado na Turquia, onde se analisou casos de morte e de traumatismos provocados por touros. As causas dessas mortes podem muito bem ser analisadas à luz do tema interação homem-animal. O conhecimento do comportamento animal é fundamental para diminuir os riscos nas atividades que lidam com animais de grande porte. 

Relação tratador-animal: toda a pessoa que manuseia o gado deve ser competente, apta e ágil o suficiente para a tarefa que está realizando. Crianças e adultos com mais de 65 anos, segundo estudos, são os mais suscetíveis a se envolverem em acidentes fatais. Os tratadores devem ter uma boa compreensão de como os animais são em relação ao comportamento e estar ciente do perigo potencial que eles possam representar. Buscar e treinar uma rota de fuga ou refúgio antes de trabalhar com o gado em uma propriedade é uma atitude ponderada a ser tomada. Ter cuidado com as vacas com bezerros recem nascidos; elas são mais propensas a atacar, bem como as vacas em cio, que podem ser imprevisíveis. Os tratadores devem usar vestuário de proteção e calçados adequados. As instalações de manejo devem ser bem desenhadas e devem ser revisadas periodicamente na tentativa de diminuir estresse dos animais. O tratador não deve entrar abruptamente no “ponto cego” do animal, onde este não consegue enxergar, ou na sua “zona de fuga”, pois pode assustá-lo e ser visto como um predador. Entende-se por “zona de fuga” o máximo de aproximação que um animal tolera a presença de um estranho ou do predador, antes de iniciar a fuga.
Relação animal-tratador: todos os bovinos têm um "fator de imprevisibilidade". Baseado nisso, uma serie de medidas podem ser tomadas para evitar riscos. Nunca vire as costas para um touro ou confie em um touro, não importa o quão dócil ele pode parecer. Touros leiteiros são geralmente mais agressivos do que os de raças de carne. Touros são possessivos de seu rebanho e podem ver o humano como seu concorrente. Comportamentos perigosos podem surgir de vários fatores como: base genética, experiências passadas ( bovinos tem memória longa e podem lembrar de situações aversivas), separação de seus companheiros de rebanho ( bovinos são altamente sociais dentro do grupo) e  fator hormonal ( vacas  após o parto podem ter atitudes inesperadas).  Estar atento na realização de atividade normais de manejo, onde o animal possa se sentir acuado e amedrontado.
O conhecimento do comportamento animal, suas peculiaridades e particularidades, aliados aos devidos cuidados que atividades dessa natureza necessitam e devem ter, são fundamentais tanto para os humanos como para os bovinos.
Publicado em: A Hora Veterinária – Ano 32, nº 190, novembro/dezembro/2012