segunda-feira, 9 de março de 2015

INTERAÇÃO HOMEM-ANIMAL: EVITANDO RISCOS NO CUIDADO COM BOVINOS

Publicação no Jornal Zero Hora, do dia 11/10/2012, chamou a atenção para a morte de um peão que caiu em um açude e se afogou quando tentava fugir do ataque de um touro da raça holandesa. No relato, a esposa do peão disse que o mesmo tentava capturar o touro com uma corda. No Brasil não existem dados específicos sobre esse tipo de acidente, mas em outros países a morte de pessoas que lidam com animais, especialmente touros, apresentam números significativos. Nos Estados Unidos, um relatório onde foram analisadas as fatalidades que ocorreram entre os anos de 2003 e 2008, dá conta que aproximadamente 20 pessoas por ano morrem no país por ataques de bovinos. Estudo semelhante foi realizado na Turquia, onde se analisou casos de morte e de traumatismos provocados por touros. As causas dessas mortes podem muito bem ser analisadas à luz do tema interação homem-animal. O conhecimento do comportamento animal é fundamental para diminuir os riscos nas atividades que lidam com animais de grande porte. 

Relação tratador-animal: toda a pessoa que manuseia o gado deve ser competente, apta e ágil o suficiente para a tarefa que está realizando. Crianças e adultos com mais de 65 anos, segundo estudos, são os mais suscetíveis a se envolverem em acidentes fatais. Os tratadores devem ter uma boa compreensão de como os animais são em relação ao comportamento e estar ciente do perigo potencial que eles possam representar. Buscar e treinar uma rota de fuga ou refúgio antes de trabalhar com o gado em uma propriedade é uma atitude ponderada a ser tomada. Ter cuidado com as vacas com bezerros recem nascidos; elas são mais propensas a atacar, bem como as vacas em cio, que podem ser imprevisíveis. Os tratadores devem usar vestuário de proteção e calçados adequados. As instalações de manejo devem ser bem desenhadas e devem ser revisadas periodicamente na tentativa de diminuir estresse dos animais. O tratador não deve entrar abruptamente no “ponto cego” do animal, onde este não consegue enxergar, ou na sua “zona de fuga”, pois pode assustá-lo e ser visto como um predador. Entende-se por “zona de fuga” o máximo de aproximação que um animal tolera a presença de um estranho ou do predador, antes de iniciar a fuga.
Relação animal-tratador: todos os bovinos têm um "fator de imprevisibilidade". Baseado nisso, uma serie de medidas podem ser tomadas para evitar riscos. Nunca vire as costas para um touro ou confie em um touro, não importa o quão dócil ele pode parecer. Touros leiteiros são geralmente mais agressivos do que os de raças de carne. Touros são possessivos de seu rebanho e podem ver o humano como seu concorrente. Comportamentos perigosos podem surgir de vários fatores como: base genética, experiências passadas ( bovinos tem memória longa e podem lembrar de situações aversivas), separação de seus companheiros de rebanho ( bovinos são altamente sociais dentro do grupo) e  fator hormonal ( vacas  após o parto podem ter atitudes inesperadas).  Estar atento na realização de atividade normais de manejo, onde o animal possa se sentir acuado e amedrontado.
O conhecimento do comportamento animal, suas peculiaridades e particularidades, aliados aos devidos cuidados que atividades dessa natureza necessitam e devem ter, são fundamentais tanto para os humanos como para os bovinos.
Publicado em: A Hora Veterinária – Ano 32, nº 190, novembro/dezembro/2012





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