terça-feira, 14 de julho de 2015

COMO PERSUADIR UMA OVELHA A ADOTAR UM CORDEIRO ÓRFÃO

          O comportamento das ovelhas após a parição é um diferencial para a criação do cordeiro. Um dos maiores problemas em partos duplos ou triplos é a rejeição de um dos cordeiros pela mãe. Algumas ovelhas permanecem com o rebanho durante o parto e outras podem buscar o isolamento. O relacionamento da mãe e do filho logo após o nascimento é crucial para o bom desenvolvimento do cordeiro. Poucos segundos após o parto a ovelha já começa a lamber vigorosamente o cordeiro e este deve encontrar os tetos dentro de uma a duas horas após o nascimento; pistas visuais são importantes nesse momento para a localização dos tetos. Cordeiros estranhos podem ser aceitos imediatamente após o nascimento e ovelhas que perderam crias podem adotar recém-nascidos. Porém, agregar cordeiros de outras mães é um manejo  limitado pela inabilidade de reconhecimento do odor entre a mãe e os filhos.
         Cordeiros reconhecem suas mães pelas vocalizações próprias enquanto que as mães reconhecem seus cordeiros pelo cheiro , pela visão e pela vocalização. Segundo pesquisadores, o olfato é o principal fator de reconhecimento para que as mães permitam que os cordeiros mamem.  Esses sinais podem ter formas diferenciadas e graus de importância dependendo da raça, do tamanho dos rebanhos e do ambiente.  
        O número de cordeiros paridos está relacionado com a capacidade de reconhecimento por parte da mãe de seus filhos, ou seja, em partos triplos, o ultimo cordeiro tem mais dificuldade de ser aceito pela mãe, assim como o segundo terá menos dificuldade perante o terceiro e mais dificuldade frente ao primeiro cordeiro nascido. 
              A proximidade da mãe com o cordeiro é muito importante nos primeiros dias de vida do recém-nascido. No dia do nascimento a mãe fica a um metro do cordeiro; o fornecimento de água, comida e abrigo é muito importante. A distância de alguns metros somente ocorre quando o cordeiro tem de dois à três dias de idade. A amamentação é o maior vínculo que se estabelece entre mãe e  filhos e é o ponto principal para ter cordeiros fortes.
        A adoção de um cordeiro órfão ou do terceiro cordeiro de parto triplo é um trabalho difícil, que requer uma dedicação do criador e que nem sempre dá resultados.

- Utilização de colar elisabetano.

Esses colares são utilizados para o pós-cirúrgico de cães. O número indicado para ovinos é o número 30, dependendo do tamanho da ovelha pode ser maior ou menor.  Essa técnica impossibilita o contato visual e olfativo da mãe com o cordeiro adotado. Recomenda-se a utilização por no máximo três dias. Se nesse tempo não tiver êxito a aproximação, dificilmente ela ocorrerá.


- Utilização de cão de pastoreio.

Colocar o cão no box com a ovelha e o cordeiro órfão por aproximadamente  3 a 4 minutos, repetindo duas vezes ao dia. O instinto materno será estimulado pela mãe na proteção do filho, ao mesmo tempo em que o cordeiro irá chegar próximo da mãe com o sentido de abrigar-se . Esse manejo poderá ser realizado por três dias no máximo.  Se nesse tempo não tiver êxito a aproximação, dificilmente ela ocorrerá.

(selecionamos sugestões coletadas em livros sobre o assunto)


segunda-feira, 1 de junho de 2015

TOXOPLASMOSE: OS GATOS NÃO SÃO OS CULPADOS



Um post tem chamado a atenção na internet falando sobre a Toxoplasmose e mostrando uma larva dentro do olho de uma pessoa e informando que a pessoa depois de sentir um “cisco no olho” foi ao médico e o diagnóstico foi de toxoplasmose. Como sempre colocando a culpa nos gatos que desde a antiguidade sofrem com a discriminação fruto de ignorância popular. O que me chocou nessa publicação foi a quantidade de absurdos colocados em uma postagem que até parecia científica. Ou a pessoa que fez isso é muito mal informada e não conseguiu utilizar a internet como uma ferramenta de auxilio ou, era mal intencionada. Inúmeros post são apresentados onde é explicada a via de transmissão da Toxoplasmose bem como o papel do gato nessa transmissão, por isso a surpresa e até a repulsa em ver uma postagem dessa natureza. O gato é o hospedeiro definitivo do agente, Toxoplasma gondii, que não é vírus, nem bactéria, mas sim um protozoário. Para esse protozoário cumprir seu ciclo necessita do hospedeiro definitivo que é o gato e outros felídeos. O homem e demais animais são os hospedeiros intermediários. Eles se infectam quando ingerem oocistos eliminados através das fezes dos gatos. Portanto, somente um contato direto das fezes de gatos contaminados  através de ingestão é que pode contaminar o homem.  A carne mal cozida é a causa mais comum do homem se infectar e contrair a enfermidade, que na maioria dos casos é subclínica e assintomática. Já, gestantes
não imunes, quando se infectam, podem os fetos apresentar lesões.  Pessoas com imunidade baixa quando infectadas podem também desenvolver uma forma muita grave de toxoplasmose.
 A prevenção passa por hábitos de higiene pessoal e dos alimentos. Carne bem cozida é recomendada pois os cistos são inativados a 65° por um período de cinco minutos.

sexta-feira, 22 de maio de 2015

ENRIQUECIMENTO AMBIENTAL: UMA NOVA REALIDADE PARA ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO

      Não podemos falar em enriquecimento ambiental sem tocar em bem-estar animal , e falando sobre BEA ligamos imediatamente à estresse , ou seja , aspectos fisiológicos, comportamentais e emocionais .  Bastante difundido na década de 80, o enriquecimento ambiental começou a ser utilizado principalmente em zoológicos para melhorar a qualidade de vida dos animais em cativeiro. Buscava-se  aproximar o ambiente do cativeiro daquele que o animal teria em condições naturais no seu habitat. Com isso, a conservação da espécie teria mais garantias uma vez que se criavam condições semelhantes àquelas que possibilitavam a sobrevivência e a reprodução dos animais, melhorando consequentemente sua qualidade de vida.
      Utilizado também para animais de produção, além dos animais silvestres, o termo passou também a fazer parte da vida dos animais de estimação. Ações de enriquecimento ambiental começaram a serem utilizadas para cães e gatos, uma vez que com a urbanização esses animais tornaram-se companhias constantes de pessoas que vivem em apartamentos. A questão é como tornar esses locais próprios para que os animais de estimação possam expressar o comportamento natural de sua espécie.  Cada vez mais nos deparamos com tutores que dizem que seus animais destroem móveis e objetos quando na verdade o que pode estar acontecendo é que os animais não estão tendo estímulos corretos e acabam se entediando.  Um manejo adequado e a colocação de alguns itens no ambiente pode trazer uma mudança significativa na vida do cão ou gato, que podem expressar seu comportamento tendo suas necessidades atendidas. Quem decide ter um cão deve saber que eles precisam se exercitar para gastar energia e que são animais sociáveis, não gostam de estar sozinhos.  Cães que passam muito tempo sozinhos, sem gastar energia,  podem apresentar problemas como estereotipias( movimentos repetitivos como correr atrás de sua própria cola) , excesso de latidos , destruição do ambiente.  Já o gato não se importa de ficar sozinho várias horas, mas pela sua anatomia tem a necessidade se arranhar para afiar suas unhas e limpá-las, ao mesmo tempo que necessita alongar seus músculos e gosta de desafios como se estivesse caçando, semelhante aos grandes felinos.

      Sentindo essa necessidade na própria pele, um grupo de amigos que tinham como animais de estimação os gatos  Angus e Ozzy resolveram fazer um projeto para os animais que sofriam com a falta de espaço e não podiam expressar seu comportamento normal . Alex Barcelos (projetista), Aline Klein (Designer de produto) e Douglas Alves (Designer de produto) fizeram um projeto especial para seus felinos e assim nasceu SE ESSA CASA FOSSE MINHA (SECFM- facebook.com/secfm). Além dos felinos serem atendidos nos projetos, o trio já está desenvolvendo uma linha de  produtos para cães, seguindo com a proposta  de satisfazer o bichinho de estimação e o tutor quando o assunto for DESIGN DE INTERIORES. O protagonista , segundo eles são os pets, mas não deixam de lado o dono dos animaizinhos.
Alex Barcelos, Aline Klein, Douglas Alves 

Alguns indicativos que seu pet está entediado e necessita de estímulo para expressar seu comportamento natural:

Cães: destruir objetos, excesso de latidos e uivos, roer móveis e batentes de portas, depressão,   andar de um lado para outro, correr atrás do rabo, correr em círculos, urinar e defecar em locais diferentes do habitual.
Gatos:  ficar escondido muito tempo dentro de sua casinha e atacar pessoas ou animais que passam na frente, não ter interesse em brincar, miar mais do que o normal, seguir o dono por todo o lugar, arranhar em excesso os móveis, urinar e defecar fora de sua caixinha marcando território.


Um médico veterinário poderá avaliar a situação.  Caso seu pet apresente esses sinais quem sabe não é a hora de entrar com medidas que atendam as necessidades comportamentais, afinal, PETS FELIZES, TUTORES TAMBÉM FELIZES!

quarta-feira, 15 de abril de 2015

RÓBER BACHINSKI, primeiro brasileiro a ganhar o Lush Prize , prêmio concebido par apoiar a substituição de animais em experimentação.

O Lush Prize  é uma premiação anual concebida para apoiar as organizações que trabalham para substituir a experimentação em animais por métodos não-animais cientificamente válidos. O fundo anual do prêmio é de  £ 250.000 ( aproximadamente  R$ 1 milhão), sendo o maior no setor de testes não-animais, que é dividido em várias categorias.  Na sua quarta edição,  Róber Bachinski, do Rio Grande do Sul , foi o primeiro brasileiro a ganhar o prêmio. Realizando pós-doutorado na Universidade Federal Fluminense, sua pesquisa com modelos de culturas de células em 3D e alternativas de usos para educação científica foi a responsável pela premiação na categoria de Jovem Pesquisador.  Róber pretende aplicar o valor em projetos de pesquisa que substituam animais utilizados em educação e também na criação de um Instituto que tenha como conceito somente  1R. O conceito dos  três “Rs” da pesquisa em animais: Replace, Reduce e Refine,  vem norteando a experimentação em animais e  não impede a utilização de modelos animais em experimentação, mas faz uma adequação no sentido de humanizá-la. Em 2014 , um dos palestrantes da Lush Prize  Conference, Dr. Thomas Hartung falou sobre o tema “ Is 1R the new 3Rs?” já chamando a atenção para os avanços mundiais na área e a possibilidade da substituição total (Replace) na utilização de animais. O pesquisador recebeu o troféu das mãos de outro brasileiro, o professor de biologia do Instituto de Ciência e Tecnologia da Universidade Federal de Alfenas (MG), Thales Tréz, que faz parte do júri desde a edição anterior.
RÓBER BACHINSKI RECEBENDO O PREMIO DO PROFESSOR THALES TRÉZ
    O Rio Grande do Sul desde muitos anos tem uma preocupação muito grande em relação ao Bem-Estar Animal, e já tem tradição na realização de trabalhos que visem a substituição de animais sadios na educação. Em 2004 , a professora Beatriz Kosachenco , junto com uma equipe de colegas, na qual eu estava incluída, recebeu o prêmio de melhor trabalho no 1o Fórum Internacional de BEA promovido pelo CRMVRS. O ensino da cirurgia veterinária com ética e bem-estar animal foi o título do trabalho e este mostrava as modificações no programa prático das disciplinas de Cirurgia do Curso de Medicina Veterinária da ULBRA, realizadas objetivando diminuir a utilização de animais sadios para as aulas práticas. Em substituição aos 30 cães sadios provenientes de Centros de Controle de Zoonoses, foram utilizadas alternativas como cadáveres e peças anatômicas oriundas de frigoríficos, além de pacientes com patologias diversas cujos proprietários eram carentes, proporcionando um perfeito desenvolvimento das habilidades cirúrgicas iniciais que o aluno de medicina veterinária necessita. Um programa de castração de cães e gatos foi disponibilizado aos alunos possibilitando um treinamento mais efetivo na técnica cirúrgica e anestésica, o que permitiu o aprimoramento da técnica operatória, o desenvolvimento da consciência e do raciocínio cirúrgico e alertá-los quanto às responsabilidades frente ao animal. Esse trabalho, realizado há dez anos atrás, somou-se a um dos programas pioneiros em não utilização de animais sadios nas aulas de cirurgia veterinária  que vem sendo desenvolvido e aprimorado pela USP em São Paulo. A Faculdade de Medicina da UFRGS não utliza animais para suas aulas de técnica cirúrgica. 
PROFESSORA BEATRIZ KOSACHENCO RECEBENDO O PRÊMIO BEA EM 2004.

quarta-feira, 1 de abril de 2015

CHOCOLATE É TÓXICO PARA CÃES E GATOS

          A metabolização dos alimentos em cães e gatos é diferente dos humanos, assim alimentos que não causam problemas em pessoas podem causar intoxicações em animais.         Esse é o caso do chocolate, muito tóxico para cães e gatos. A intoxicação em gatos é três vezes menos frequente do que em cães, pois esses animais têm hábitos alimentares mais exigentes. Os cães gostam muito de chocolate, mas esse tem na sua composição alcalóides da família das metilxantinas,  a teobromina e a cafeína. A primeira tem maior concentração e está presente na manteiga de cacau. A teobromina tem ação diurética, é estimulante cardíaca e vasoconstritora; em excesso é toxica e pode levar a morte. Quanto mais escuro for o chocolate maior quantidade de teobromina ele terá. 
Chocolate branco tem mais substâncias lipídicas e menor quantidade de teobromina sendo menos tóxico para os animais. Ou seja, os chocolates meio-amargo e amargo oferecem maior risco de intoxicação. Os cães metabolizam a teobromina muito lentamente, diferente dos humanos e esta pode permanecer no organismo por até seis dias. Quanto menor o cão, maior a possibilidade de intoxicar-se; filhotes são mais susceptíveis.  Os efeitos vão depender então do peso, da dosagem e do tipo de chocolate.  Os sinais clínicos desta intoxicação geralmente ocorrem dentro de seis a 12 horas após a ingestão e doses fatais podem levar a morte  após 24 horas. Em cães, a dose tóxica é de 100 a 165 mg/kg e em gatos é de 80 a 150 mg/kg, porém já existem relatos de sinais de intoxicação, como vômitos e diarréia, com ingestão de apenas 20mg/kg. A dose letal está  perto de 200 mg/kg


Sinais clínicos:  os animais apresentam polidipsia (bebem muita água), vômito, diarreia, movimentos desordenados (ataxia), tremores, convulsões, respiração ofegante, taquicardia, cianose (gengiva e mucosa ocular arroxeadas), coma e morte.
      O tratamento é  sintomático  e a indução do vômito e lavagem gástrica deve ser tentadas se a intoxicação ocorrer há menos de duas horas. Fluidoterapia, monitoramento cardíaco e controle das convulsões são necessários. Como a meia-vida da teobromina é longa, os sinais clínicos podem perdurar por até três dias sendo necessário acompanhamento permanente pelo médico veterinário.
Fique atento:

      Uma barra de 100 g de chocolate ao leite contém aproximadamente 150 mg de teobromina; uma barra de 100 g de chocolate meio-amargo contém aproximadamente  520mg de teobromina. Exemplificando, um cão de dois kg ingerindo meia barra de chocolate meio-amargo apresentará uma intoxicação grave que pode levar a morte; quatro barras de chocolate meio-amargo de 100 gr são necessárias para uma intoxicação grave e possivelmente fatal em um cão de 10 kg.


terça-feira, 17 de março de 2015

A morte de um animal é a perda de um amor incondicional. Nunca estamos preparados para isso!

A dor pela perda de um animal é muito grande e já é reconhecido por psicólogos que o luto decorrente dessa perda é semelhante ao luto com a perda de uma pessoa. A morte de um animal é a perda de um amor incondicional.  Em crianças, idosos e casais sem filhos esse sentimento pode ser muito mais intenso. As crianças tendem a ficar menos tempo enlutadas, mas o sentimento tem a mesma intensidade. Preparando-as para isso fica mais fácil, uma vez que o ciclo de vida dos animais é menor do que o dos seres humanos.  Acompanhando o ciclo de vida deles conseguimos entender e nos preparar para o nosso próprio ciclo de vida.  Quando a morte de um animal já é esperada pela questão da idade sendo ele idoso vamos nos organizando para isso, embora a dor seja igual e demoramos até aceitar o luto e estarmos prontos para ter outro animal. Porém nunca estamos preparados para a morte de nosso animal de estimação em circunstâncias em que seu tempo de vida natural foi abreviado. Comum hoje em dia são os atropelamentos decorrentes de fugas.  Casos graves, de fraturas múltiplas, geralmente levam ao óbito. Também nos deparamos com casos de brigas entre animais que defendem seu território. As lesões podem ser tão sérias que mesmo com intervenção imediata do médico veterinário alguns casos nada podem ser feito.  Podemos ainda nos deparar com complicações decorrentes de uma cirurgia, mesmo que eletiva, em um animal saudável. Toda a cirurgia envolve riscos, e estamos acostumados com isso quando se trata de humanos. Mesmo que todos os cuidados sejam tomados é necessário considerar as respostas individuais de cada paciente. Existe, ainda, na pratica veterinária uma resistência à realização de exames laboratoriais prévios principalmente pela questão do custo, não sendo autorizado pelo proprietário.  Isso é um dado interessante pois quando se trata de humanos ninguém pergunta, simplesmente  os exames são  realizados pois essa questão já está incutida na população. Com os animais também deveria ser assim.   Várias fases acontecem com o tutor  entre e após a morte do animal. Quando ainda vivo, porém em estado terminal  ocorrem as fases de negação, choque, isolamento.  A fase da raiva ocorre quando os tutores se dão conta da realidade, da morte do animal e ficam zangados disparando sentimentos de raiva em todas as direções. Podem se sentir traídos pelo animal que não mais está ali, pelos membros da família que não demonstram a dor da mesma maneira, pela sociedade, pelo médico veterinário e até mesmo por Deus. Embora a raiva indiscriminada não tenha lógica, o emocional do tutor  não permite que o mesmo não se sinta irado. A culpa pode ser a fase imediata, quando o tutor fica se perguntando se realmente fez correto. “Será que fiz o que podia?” “Será que deveria ter ouvido outro profissional?”, “Será que dei a atenção devida?” A culpa é recorrente pois o tutor também se sente responsável.  Em casos mais graves pode se instalar a depressão, principalmente em donos idosos e nesses casos o auxílio médico deve ser procurado. Já a fase da recuperação é a fase da aceitação da morte como algo que não poderá ser alterado e começam a vir, aos poucos, as recordações e se instala a saudade.  Não necessariamente todas as fases irão ocorrer, e algumas podem não ser experimentadas. Cada indivíduo é único nos seus sentimentos.  O tempo vai curando as feridas e chegará o dia das lembranças vividas e das brincadeiras vivenciadas. Chegará o tempo que a pessoa estará pronta para a chegada de um novo animal de estimação na família.

segunda-feira, 9 de março de 2015

INTERAÇÃO HOMEM-ANIMAL: EVITANDO RISCOS NO CUIDADO COM BOVINOS

Publicação no Jornal Zero Hora, do dia 11/10/2012, chamou a atenção para a morte de um peão que caiu em um açude e se afogou quando tentava fugir do ataque de um touro da raça holandesa. No relato, a esposa do peão disse que o mesmo tentava capturar o touro com uma corda. No Brasil não existem dados específicos sobre esse tipo de acidente, mas em outros países a morte de pessoas que lidam com animais, especialmente touros, apresentam números significativos. Nos Estados Unidos, um relatório onde foram analisadas as fatalidades que ocorreram entre os anos de 2003 e 2008, dá conta que aproximadamente 20 pessoas por ano morrem no país por ataques de bovinos. Estudo semelhante foi realizado na Turquia, onde se analisou casos de morte e de traumatismos provocados por touros. As causas dessas mortes podem muito bem ser analisadas à luz do tema interação homem-animal. O conhecimento do comportamento animal é fundamental para diminuir os riscos nas atividades que lidam com animais de grande porte. 

Relação tratador-animal: toda a pessoa que manuseia o gado deve ser competente, apta e ágil o suficiente para a tarefa que está realizando. Crianças e adultos com mais de 65 anos, segundo estudos, são os mais suscetíveis a se envolverem em acidentes fatais. Os tratadores devem ter uma boa compreensão de como os animais são em relação ao comportamento e estar ciente do perigo potencial que eles possam representar. Buscar e treinar uma rota de fuga ou refúgio antes de trabalhar com o gado em uma propriedade é uma atitude ponderada a ser tomada. Ter cuidado com as vacas com bezerros recem nascidos; elas são mais propensas a atacar, bem como as vacas em cio, que podem ser imprevisíveis. Os tratadores devem usar vestuário de proteção e calçados adequados. As instalações de manejo devem ser bem desenhadas e devem ser revisadas periodicamente na tentativa de diminuir estresse dos animais. O tratador não deve entrar abruptamente no “ponto cego” do animal, onde este não consegue enxergar, ou na sua “zona de fuga”, pois pode assustá-lo e ser visto como um predador. Entende-se por “zona de fuga” o máximo de aproximação que um animal tolera a presença de um estranho ou do predador, antes de iniciar a fuga.
Relação animal-tratador: todos os bovinos têm um "fator de imprevisibilidade". Baseado nisso, uma serie de medidas podem ser tomadas para evitar riscos. Nunca vire as costas para um touro ou confie em um touro, não importa o quão dócil ele pode parecer. Touros leiteiros são geralmente mais agressivos do que os de raças de carne. Touros são possessivos de seu rebanho e podem ver o humano como seu concorrente. Comportamentos perigosos podem surgir de vários fatores como: base genética, experiências passadas ( bovinos tem memória longa e podem lembrar de situações aversivas), separação de seus companheiros de rebanho ( bovinos são altamente sociais dentro do grupo) e  fator hormonal ( vacas  após o parto podem ter atitudes inesperadas).  Estar atento na realização de atividade normais de manejo, onde o animal possa se sentir acuado e amedrontado.
O conhecimento do comportamento animal, suas peculiaridades e particularidades, aliados aos devidos cuidados que atividades dessa natureza necessitam e devem ter, são fundamentais tanto para os humanos como para os bovinos.
Publicado em: A Hora Veterinária – Ano 32, nº 190, novembro/dezembro/2012


quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

UTILIZANDO A REDE PARA ENCONTRAR ANIMAIS PERDIDOS

            A história de Tequila pode ser a história de qualquer cão que foge de casa. Fogos de artifícios, curiosidade por determinada situação, brechas na cerca que permitam a saída do animal e em questão de minutos o cão está perdido e o tutor desesperado.                   Com a popularização da internet, inúmeros casos são postados na rede e alguns com final feliz. Foi o caso da Tequila. Sua tutora, a médica veterinária Carla Lehugeur, colaboradora da nossa página Bem-estar Animal: Dicas e Recomendações (https://www.facebook.com/pages/Bem-estar-Animal-Dicas-e-Recomenda) deu falta dela e imediatamente postou na rede. A corrente se formou. Tequila havia sido atropelada. A moça que a socorreu, soube através de uma vizinha que havia visto a postagem,  que era a Tequila e que sua tutora a procurava. Entrou em contato e imediatamente a fujona estava novamente com sua tutora e foi levada para uma clinica veterinária. O caso não era fácil: fraturas, hérnia diafragmática, rompimento de órgãos internos, mas ela foi vencendo cada  desafio.  Hoje, já na casa da tutora, faz fisioterapia e acupuntura para levar uma vida normal novamente, correndo e pulando como sempre fazia. A ONG, Animais  Perdidos em Porto Alegre (https://www.facebook.com/pages/Animais-Perdidos-em-Porto-Alegre/ ) tornou-se referência quando o assunto é encontrar animais perdidos ou buscar os tutores quando alguém encontra um animal com características de ter um responsável e estar nas ruas. Eliane, a administradora da página, Andréa, Rosangela e Flavia se dividem nas postagens e também na busca em outras páginas de situações semelhantes já que podem cruzar informações de animais desaparecido e encontrados. Outras pessoas também auxiliam e a página tem atualmente 9.720 curtidas e o alcance de mais de 128.000 pessoas. Nesta semana, por exemplo, a página teve 11.000 pessoas envolvidas (curtidas e compartilhamentos). Um dado interessante passado pelas administradoras  é que o público envolvido é formado 84% de mulheres. O poder da internet e do compartilhamento tem ajudado inúmeros casos de animais perdidos que são devolvidos aos seus donos. É importante que quando se encontra um animalzinho com características de terem um tutor, como coleira, bandana, docilidade, sinais de medo com o barulho das ruas, que se recolha o animal e coloque-se uma foto na rede. É muito importante que a pessoa coloque o número de telefone, o e-mail, as características do animal (sexo, cor, pelagem, se é castrado, uma marca ou característica), a cidade e o bairro onde o animal foi visto pela última vez. A página Animais Perdidos em Porto Alegre aceita postagens inclusive de outras cidades, como litoral e grande Porto Alegre e imediatamente a rede se forma e casos como o da Tequila podem terminar bem.  Não menos importante é a necessidade de identificarmos os animais sempre.  As lojas especializadas tem uma variedade de modelos onde é possível colocar os dados dos animais.  Animais identificados correm menos riscos de ficarem perdidos muito tempo, abreviando um sofrimento desnecessário ao tutor e ao próprio animal, porque, como bem dizem as responsáveis pela ONG Animais Perdidos em Porto Alegre: _ Imprevistos acontecem, mas você pode evitar,  proteja a quem você quer bem!