domingo, 21 de dezembro de 2014

DESEJAMOS UM NATAL COM MUITO AMOR E SOLIDARIEDADE.COMPARTILHAMOS A HISTÓRIA DE MEL E MOA

Uma história que tinha tudo para dar errado terminou numa grande amizade entre uma tutora e seus cães. A médica veterinária Renata Peters se deslocando pela estrada em direção a Pelotas viu um cãozinho abandonado e muito magro, aparentando problemas de saúde. Comum nas estradas, onde pessoas sem escrúpulos largam cães para que sejam atropeladas como se assim tirassem a culpa de seus corações,estava lá esse animalzinho já com sua sorte selada. A Dra. Renata parou o carro e recolheu a cadelinha que deu o nomo de Mel. Fraquinha, Mel conseguiu se recuperar, mas surpresas ainda estavam por vir. Um mês depois ele deu cria à três filhotes, Dois machos e uma fêmea. Renata se colocou em campo e conseguiu doar  dois filhotes machos e ficou com a fêmea que deu o nome de Moa. Agora as três formam uma família e se deslocam nas viajem de trabalho onde a veterinária vai. Se radicando em São Lourenço, as peludas estão encantadas com a paisagem e a possibilidade de tomar banho que adoram. A grande revelação foi Moa, que aprendeu rapiadinho o esporte stand up dog. Um caso de solidariedade que nos faz pensar nos inúmeros casos que não tem esse final feliz. Nessa época de natal, onde todos pensamos em fraternidade, compaixão , renascimento e perdão esperamos que 2015 traga aos povos mais consideração e paz a todos os seres humanos e não humanos.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

STAND UP COM CÃES JÁ CHEGOU AO RIO GRANDE DO SUL

 O stand up paddle boarding  conhecido como Remo em pé (REP), e  na língua havaiana, Hoe He'e nalu, é um esporte cada dia mais popular, tendo sua origem no Havaí. O esporte é uma forma antiga de surfe, e ressurgiu como uma maneira dos instrutores de surf administrar os seus grandes grupos de alunos. Estando em pé na prancha conseguem dar maior atendimento e corrigir seus alunos, além se ficarem  mais visíveis aos aprendizes.  No início de 1960, os Beach Boys de Waikiki ficavam em pé em suas longas pranchas, remando com suas pás para tirar fotos dos turistas aprendendo a surfar. Este é o lugar onde o termo "Beach Boy Surf", outro nome para Stand Up Paddle Surfing, originou-se.
Uma nova modalidade surgiu para esse esporte, denominado de Stand up paddle dog. Realizar o esporte com o seu animal de estimação. Exercício para o cão e prazer imenso para o tutor em poder compartilhar momentos de alegria com seu melhor amigo. Mas é muito importante saber como fazer o esporte junto com o cão, pois certamente o seu animal deve gostar de água. Se seu cão não gostar de tomar banho de mar, lagoa ou mesmo piscina não é recomendado. Só vai trazer desconforto e pode gerar um trauma no animal.  Outro cuidado importante é que seu cão também pode se desidratar e assim como você necessita tomar água depois de um esporte. Garrafinhas especiais para pets já existem no mercado e são fáceis de carregar. Não esquecer que ficar ao sol pode causar queimaduras e o câncer de pele que pode afetar humanos também pode ocorrer em cães, assim, lembre-se, quando for passar seu protetor solar, passe também no seu cachorro. Protetores específicos para cães também existem no mercado. A área das orelhas e dos olhos são locais importantes para passar o protetor, principalmente se seu cão tem o pelo claro.
Não devemos esquecer que no Brasil existem leis que proíbem cães de frequentar praias, então fique atento sobre a legislação vigente na área que você está.
No Rio de Janeiro, mais precisamente no lado esquerdo do Quebra-Mar na Praia da Barra da Tijuca, na Zona Oeste podem-se observar muitos cães com seus donos ou mesmo treinadores, praticando o esporte. Segundo os praticantes, como é proibido os cachorros frequentarem a praia já que poluem a areia, foi encontrado um jeito de os cães acessarem a água através das pedras, o que segundo os aficionados não vai de encontro à lei.

No Rio Grande do Sul, o esporte está começando. A médica veterinária Renata Peters fez a experiência com MOA, sua cadela de 2 anos, SRD que adora a nadar. Em São Lourenço do Sul Moa foi a sensação e já no primeiro dia se adaptou ao novo esporte e curtiu muito com sua tutora. 

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

CÃES MACHOS TAMBÉM TEM PROBLEMAS DE PRÓSTATA!

    O mês de novembro é o mês da campanha de prevenção ao câncer de próstata nos homens. Lembramos que os cães machos também podem ter problemas na próstata, tanto aqueles  castrados como os  sexualmente intactos.

    É recomendado, a partir dos 7 anos de idade, submeter o cão macho não castrado a uma ultrassonografia abdominal anual para avaliar o aspecto da próstata.
   Semelhante aos humanos , o transtorno mais frequente em cães não-castrados é a hiperplasia prostática benigna (HPB), já o câncer de próstata é incomum, embora  possa ocorrer. 
     Os sintomas podem não ser observados, mas quando presentes são:  sangue na urina ou no sêmen, constipação e dificuldade de defecar. Dependendo do tamanho da próstata, pode haver compressão à saída das fezes,  que se apresentam achatadas, com aspecto de fita.
Seu médico veterinário é a pessoa ideal para tirar suas dúvidas!

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

ANIMAIS COMO COTERAPEUTAS: UMA NOVA REALIDADE NOS HOSPITAIS BRASILEIROS

       Na década de 70 começou a se popularizar a presença de animais domésticos junto às pessoas com o objetivo de conseguir benefícios terapêuticos.  A utilização de animais , no entanto, já havia sido descrita em1792, na Inglaterra, em um hospital psiquiátrico chamado de Retiro de York, fundado por William Tuke. Lá, eram utilizados animais de pequeno porte que interagiam com pacientes vítimas de esquizofrenia, o que segundo Tuke, deixava aflorar nos pacientes sentimentos socializadores. Na Alemanha, em 1867, animais de companhia foram utilizados com coterapeutas no tratamento de pacientes com epilepsia.     Ainda hoje, animais vem sendo utilizados nesse local como participantes no tratamento de pacientes com transtornos físicos e mentais. Foi na reabilitação de aviadores da Air Force Convalescent em Pawling ,Nova York, nos anos de 1944 e 45 que a terapia assistida por animais foi melhor documentada. Nesse programa, patrocinado pela Cruz Vermelha,os animais eram utilizados para acompanhar os aviadores, na tentativa de diminuir o estresse provocado pelos longos tratamentos terapêuticos. Em relação a historiografia sobre o tema, não pode ser esquecida a participação de  Jingles, o cachorro do Dr. Boris Levinson. Em 1953, durante uma consulta de uma criança com problemas de socialização, por acaso, seu cão entrou no consultório. A partir daí, com a participação de Jingles nas sessões e através da transferência de afeto, o Dr. Levinson consegui tratar o paciente, atribuindo parte do mérito da reabilitação do menino à presença do cão como coterapeuta. No livro de sua autoria, intitulado Psicoterapia Infantil Assistida Por Animais, o médico relata as experiências vivenciadas no consultório onde o cão Jingles favorecia a aproximação e comunicação com seus pacientes.
     Quando se busca definições sobre o tema, surgem inúmeras, bem como diferentes nomes para o mesmo assunto: terapia com mascotas, na língua espanhola, terapia assistida com animais, zooterapia, terapia com animais de companhia, entre outras. Com o objetivo de estandardizar a terminologia a Delta Society, reconhecida mundialmente nas questões que envolvem animais e benefícios terapêuticos propôs como definições:

Terapia Assistida com Animais (TAA): uma intervenção com objetivo definido, em que o animal obedece a critérios específicos para ser uma parte integrante do processo de tratamento. A TAA é dirigida e / ou executada por profissionais da área de saúde com conhecimento especializado na sua área de atuação. O objetivo da TAA é promover a funcionalidade física, emocional e cognitiva do indivíduo. Nessa terapia o animal será uma parte integrante do tratamento. Este processo deverá ser documentado e avaliado cientificamente, ou seja,existe uma meta e o progresso do paciente é mensurado e documentado.
Atividades Assistida por animais (AAA):são aquelas que promovem oportunidades de motivação, educação,recreação e / ou benefícios terapêuticos para melhorar a qualidade de vida de indivíduos. Estas atividades são realizadas em uma variedade de ambientes por treinadores profissionais,técnicos ou voluntários em associação com animais que atendam critérios específicos, não havendo necessidade de acompanhamento por profissionais da área da saúde. Alguns autores ainda subdividem essa área em mais uma, denominada de Educação Assistida por Animais (EAA) onde se desenvolve uma prática educativa na qual o animal contribui com o educador no processo de ensino aprendizagem, uma vez que os animais tornam-se uma influencia motivadora no avanço da qualidade e desenvolvimento da aprendizagem.
Dessa forma, as duas definições diferem em relação aos objetivos específicos, em relação a metodologia utilizada mas tem em comum o objetivo geral que é a busca pelo bem-estar do indivíduo.
     Muito difundido em outros países, o Brasil ainda engatinha na utilização de animais como coterapeutas e/ou facilitadores. Muito do que já foi realizado dependeu mais da vontade e interesse de pessoas que viam na proposta a possibilidade de uma nova área de atuação com resultados positivos para pessoas com problemas físicos ou emocionais.
   Mais recentemente, com a difusão dos resultados positivos, a TAA tem entrado na discussão politica brasileira, com a presença de propostas que objetivam coloca-la como atividade corrente em hospitais, inclusive aqueles assistidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
      Sobre o assunto, existe também a questão que envolve o bem-estar do animal que será utilizado. Muitas espécies são utilizadas, mas o cão é de longe o animal mais escolhido. A seleção deve ser criteriosa, pois nem todos os cães se adaptam a atividade, que deve também ser prazerosa para o animal. Trabalho científico realizado por Yamamoto, em 2012, na cidade de Araçatuba/SP, avaliou nove cães terapeutas para a verificação de estresse durante suas atividades. Foi demonstrado que os animais não apresentaram desconforto que afetasse a saúde e bem-estar. Em um projeto onde eu estava  envolvida, junto com o colega, Dr. Luiz Antonio Scotti, introduzimos um cão e um coelho na unidade pediátrica de um hospital da região metropolitana de Porto Alegre. Foram necessários dois meses e avaliados 120 cães provenientes de uma ONG de proteção animal para finalizar a escolha. O animal escolhido foi uma fêmea que apresentava expressão corporal tranquila e relaxada, possuía uma boa posição hierárquica no grande grupo e não apresentava sinais de agressividade para com os cães doentes e de menor expressão no canil. O animal foi adestrado durante quatro meses com os comandos básicos. O manejo sanitário deve ser diferenciado, já que o animal entrará em contato com pessoas com baixa imunidade. No caso específico, o cão recebia vacinações estratégicas contra doenças infectocontagiosas, vermifugação a cada três meses, além de exames complementares que eram realizados mensalmente. O manejo dos banhos era diferenciado, e ministrados com maior frequência. Em relação ao coelho, escolhido da raça Gigante de Flandres, recebia manejo sanitário também diferenciado.  As visitas ao setor pediátrico eram realizadas semanalmente. Os relatos dos médicos, profissionais de enfermagem e familiares dos pacientes davam conta que as visitas eram esperadas com grande ansiedade pelas crianças e que estas se mostravam mais felizes e aceitavam melhor os tratamentos mais invasivos.

    Muito ainda existe para se realizar nessa área. Estudos mais acurados com a publicidade de resultados serão bem vindos para comprovar o que na prática já vem se demostrando. A relação entre homem e animal e seu potencial terapêutico.
Publicado sob o título "Animais como facilitadores na busca pela saúde e bem-estar humano", em: A Hora Veterinária – Ano 33, nº 199, maio/junho/2014. 

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

CÃES E GATOS TAMBÉM SOFREM COM CÂNCER DE PELE DEVIDO À EXPOSIÇÃO SOLAR

       Quando chega o verão uma grande quantidade de informações sobre melanoma, o câncer de pele que afeta homens e mulheres e está ligado à exposição solar chega até nós. Pois cães e gatos também têm câncer de pele e cuidados devem ser tomados no verão. O câncer de pele mais comum em cães e gatos ligado à exposição solar é o Carcinoma das Células Escamosas (CCE). O risco para CCE aumenta com a idade, afetando animais mais velhos,  atingindo o pico aproximadamente entre os 10 e 11 anos de idade. Não ocorre predisposição racial ou sexual conhecida,
        As lesões aparecem mais na cabeça,  localizadas preferencialmente nas  orelhas, nariz e olhos que são as áreas hipopigmentadas e com pouco pelo. Gatos domésticos de pelo curto têm um risco maior quando comparados aos felinos das raças Himalaia, Siamês e Persa  que têm um risco menor. No gato, os lugares mais comuns são as bordas dos olhos, as aurículas e região nasal. Em cães esse tipo de tumor pode ocorrer em qualquer local da pele como tronco, pernas, escroto, lábios. As raças de cães consideradas de maior risco são o Schnauzer, Basset Hound e Collie,
        Como já foi enfatizado, as maiores vítimas são os animais com pelagem branca e curta: gatos brancos, boxers brancos ou animais que não sejam totalmente brancos, mas tenham a ponta de nariz, orelhas, o entorno dos olhos e abdômen com poucos pigmentos são os mais susceptíveis. É necessária a utilização de protetor solar com fator 30, próprio para animais. Esses protetores tem um sabor amargo para que sejam desagradáveis às lambidas.  Deve-se aplicar o protetor nas partes mais expostas como ponta das orelhas, barriga e focinho.

Tomando todos os cuidados, você pode curtir seu verão tranquilo, com seu Pet saudável.

terça-feira, 21 de outubro de 2014

CÃES CUIDADORES

   Dentre as espécies de animais que cuidam outros animais, os cães são os mais conhecidos. Muitos exemplos aparecem nas mídias sobre cães que auxiliam humanos e outros animais, o que torna o tema bastante popular.
      Na Europa e na Ásia, cães cuidadores são utilizados há séculos para guardar ovinos e caprinos.
      Treinar filhotes para serem cuidadores requer tempo, esforço e sorte.
   Há que se diferenciar cães de pastoreio de cães cuidadores. Cães de pastoreio normalmente trabalham sob comandos verbais ou através de sinais de seus handlers e não ficam sozinhos com o rebanho, diferente de cães que guardam rebanhos.
    Animais cuidadores são desencorajados a morder, perseguir e latir na propriedade e atuam independentes das pessoas. Devem ser inteligentes, alertas e confiantes.  Agem de forma independente e instintivamente enquanto estão cuidando do rebanho.  Na presença de um intruso são protetores dos seus animais e confrontam o predador.
    Quando se busca um cão para cuidar de rebanhos devemos procurar aqueles que mostram-se confiantes e alertas além de verificar o temperamento dos  pais do filhote , se são bons cuidadores. Machos ou fêmeas podem ser utilizados para cuidar animais, embora se deva levar em conta o sexo quando tem muitos animais a serem protegidos.  A esterilização pode ser benéfica e deve ser realizada aos seis meses nas fêmeas e aos nove meses nos machos. Porém ela não é um delimitador em relação à aptidão dos animais. Auxilia no manejo, principalmente em situações de cães vadios que se aproximam da propriedade e no manejo das fêmeas, pois evitará períodos que essas deverão ser retiradas do rebanho, como cio, gestação e amamentação.

Cuidados e treinamento

     Inicia-se somente com um cão. Caso necessite de mais animais, agrega-se posteriormente.  Com essa medida, evita-se que os animais brinquem e se envolvam entre eles. Para que o filhote demonstre o instinto desejado de um cão cuidador, um vínculo deve ser formado entre o cão e o rebanho. A melhor idade para uma convivência contínua entre o cão e o rebanho é a partir das sete ou oito semanas.
       A socialização nos cães é a fase do desenvolvimento em que o apego emocional se cria rápida e facilmente. O processo começa cedo, às três semanas, tem seu pico entre seis a oito semanas e decresce nas 12 semanas. Um cão introduzido no local depois desse período poderá ter problemas de timidez e dificuldades de ajustar-se ao ambiente.

    O local ideal para treinar um cão cuidador deve ser um curral pequeno,preferencialmente que o filhote não possa escapar. Isso auxilia na criação do vínculo entre ele e o rebanho.O curral deve ter aproximadamente 45 m2 e ser feito de maneira que pode ser expandido à medida que o cão vai crescendo. Para o treinamento, devem ser introduzidos no local de três a seis animais da espécie que será protegida, preferencialmente jovens. Caso não seja possível, devem ser escolhidos animais dóceis que não irão entrar em conflito com o filhote.Devem ser alternados os animais para que o cão conviva com indivíduos com comportamentos diferentes para que se aproxime o máximo possível do que ele irá encontrar quando efetivamente estiver guardando o rebanho. O curral deverá ter uma área onde o rebanho possa ficar separado do cão.  Painéis de madeira ou de arame onde somente o filhote poderá passar, e não o rebanho, poderão ser colocados para delimitar essa área. A comida e o abrigo do cão deverão ficar na área delimitada para ele, enquanto que a água poderá ser utilizada em comum, possibilitando a interação das duas espécies.  Nos primeiros dias,o local deverá ser observado várias vezes ao dia para verificar a interação entre o cão e o rebanho e se o filhote está se alimentando e tendo acesso a água. Nesses primeiros dias é permitido afagar o cão, mas deve-se evitar manuseio excessivo. No processo de socialização deve ser dado ênfase a interação cão/rebanho. A associação cão/humano deve ser minimizada. Cães jovens com cordeiros apresentam bons resultados de interação formando-se fortes vínculos entre eles. Depois do treinamento, muitos cães quando são soltos no rebanho desenvolvem um senso muito grande de responsabilidade embora alguns devam ser constantemente monitorados. Alguns mostram dificuldades de serem removidos de uma pastagem para outra.  A individualidade de cada cão deve ser respeitada, pois respondem diferentemente uns dos outros. Também o nível de contato dos humanos com os cães variam dependendo do temperamento e características de cada animal. É necessário que em locais onde os rebanhos são criados mais extensivamente, exista um abrigo para o cachorro, onde ele possa ter sua comida e se proteger das intempéries A medida que o cão vai se tornando adulto, menos contato com os humanos será necessário, devendo ser preservado o mínimo para que o animal não fique demasiado tímido  e também para possibilitar o manejo sanitário do cão.  Devemos levar em conta que um cão cuidador é um cão de trabalho e como tal deverá ser tratado, por isso a importância de verificar a real aptidão do animal e respeitar seu temperamento. 
Publicado em: A Hora Veterinária – Ano 33, nº 196, novembro/dezembro/2013

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

ALUGUEL DE CÃES DE GUARDA: EXISTE ÉTICA NISSO?

Como falar em Bem-estar Animal (BEA) sem pensar em como os animais se sentem em um determinado momento? Será que estão alegres? Será que estão tristes?  A questão que envolve o BEA é muito maior do que acreditar que lhes saciando a fome e a sede estamos lhes proporcionando conforto e conseqüentemente apaziguando nossas consciências. Um tema que vem sendo muito debatido e ganhando destaque na mídia é o aluguel de cães de guarda com fins lucrativos por empresas de segurança. As denúncias de maus tratos que esses animais sofrem vêm se acumulando no Ministério Público e vem merecendo a atenção de ONGs e da sociedade em geral. A matéria é polêmica e vem motivando discussões em vários estados brasileiros, inclusive na esfera judicial. A cidade de Curitiba foi a primeira a se movimentar pela proibição do aluguel de cães para guarda de imóveis e serviço de guarda patrimonial, aprovando na Câmara Municipal, no final de 2007, um projeto de Lei, que foi sancionado em 2008. Poucos dias depois foi concedida uma liminar para uma empresa locadora que alegava que o município não tinha o direito de proibir empresários de explorarem uma atividade sob o fundamento de proteção constitucional. O inciso XIII do art. 5º da Constituição Federal (CF) versa sobre a liberdade de ação profissional, ou seja, a faculdade de escolha do trabalho que se pretende exercer, tratando do direito de que cada indivíduo pode exercer atividade profissional, de acordo com suas preferências e possibilidades. Por outro lado, o art. 225 da CF aponta, em seu inciso VII, a obrigação do Poder Público e da coletividade em proteger todos os animais, colocando-os a salvo de maus-tratos e crueldades. No caso em tela vem ocorrendo choque de dois preceitos constitucionais.  Embora se possa argumentar que o princípio da atividade econômica possibilita ao proprietário do animal tratá-lo como um bem móvel, é provado que o animal, como ser senciente, é capaz de vivenciar emoções, angústias e sofrimentos e tem direito ao respeito e à dignidade. A sociedade cada vez mais tem uma preocupação ética em relação aos animais, que é estampada em jornais, revistas e no dia a dia das pessoas. Embora exista um conflito constitucional, a tendência de proibição desses serviços vem ganhando corpo, pois os interesses econômicos (das empresas) não vem sendo aceitos em detrimento de uma conduta tão abominável como é a questão dos maus tratos recaindo sobre um ser vivo, no caso, os animais.

No Rio Grande do Sul, polêmica se instalou sobre o tema em 2011. O Projeto de Lei 206/11 ,de autoria do deputado estadual Miki Breier (PSB), surpreendeu a sociedade pois  propunha  medidas objetivando  a regularização das empresas que atuam com aluguel de cães para guarda privada. Uma forte mobilização ocorreu e a proposta foi retirada.  Concomitante à discussão, foi protocolado na Câmara Municipal de Porto Alegre o  Projeto de Lei 3.827, apresentado no final de novembro de 2011, que “proíbe a concessão de alvará de localização e funcionamento a empresas prestadoras de serviços de guarda e vigilância com locação de cães de guarda, no âmbito do município de Porto Alegre”. Foi protocolado na Assembléia Legislativa, Projeto de Lei de autoria do deputado estadual Paulo Odone (PPS) que proibia  a utilização de cães de guarda para serviços de vigilância em todo Rio Grande do Sul. O texto foi elaborado em colaboração com associações protetoras de animais gaúchas,  a frente parlamentar de defesa dos animais (FPDA) e da 1a  Dama de Porto Alegre Regina Becker, sendo aprovada  Lei Estadual nº 14.229  e posteriormente alterada para Lei Estadual nº 14.268 de julho de 2013. Frente a essa situação, o Sindicato das Empresas de Segurança e Vigilância do Rio Grande do Sul (Sindesp) entrou com a Ação Declaratória de Inconstitucionalidade, argumentando que a matéria é de competência privativa da União. A Assembléia Legislativa interpôs Agravo Regimental. O desembargador Francisco José Moesch, que emitiu o voto divergente vencedor, disse que a lei trata de matéria ambiental, sendo de competência legislativa concorrente entre União, estados e municípios. Para Moesch, a lei teve o intuito de proteger os cães que são locados e, recorrentemente, submetidos a maus tratos, conforme registros de reclamações feitos pelas entidades de proteção animal. ‘‘A doutrina ambientalista tem reconhecido a existência de uma dignidade da vida não-humana e dos animais, especialmente diante dos novos valores ecológicos que passam a modular as relações sociais contemporâneas’’, escreveu no voto. Ele destacou, ainda, que o direito fundamental a um meio ambiente ecologicamente equilibrado pressupõe, conforme expressa previsão constitucional, a proteção geral à fauna, com a vedação de práticas cruéis contra os animais. ‘‘No caso, entendo que tem a Lei nº 14.229/2013 nítido viés ambiental. Basta ler a justificativa ao Projeto de Lei nº 462/2011, que resultou nessa lei. Trata-se, pois, de matéria cuja competência legislativa é concorrente, não havendo usurpação de competência privativa da União’’, definiu. O mérito da Adin ainda será julgado em data a ser definida pelo tribunal ( Fonte: Assessoria de Imprensa do TJ-RS.).

sábado, 11 de outubro de 2014

TIPOS DE FRATURAS PODEM SER INDICATIVO DE ABUSO ANIMAL

       Animais não falam, mas existem evidências que podem  demonstrar que os animais estão sendo abusados. O médico veterinário muitas vezes se depara com casos na sua rotina clínica que o faz pensar em abuso e violência contra o animal. Recente trabalho publicado pela Dra. Lydia Tong, veterinária australiana, apresenta diferenças entre fraturas provocadas e aquelas acidentais.  Trabalhos nesse sentido vêm desafiando veterinários patologistas e peritos forenses, que de posse desses diagnósticos podem contribuir para diminuição da violência domestica. Cada vez mais se publicam evidências que mostram a correlação entre violência doméstica e abuso animal.
        O objetivo do estudo foi investigar as fraturas que ocorrem acidentalmente das fraturas não acidentais em cães. Compararam-se as características radiográficas de fraturas em 19 cães com fraturas de abuso e 135 cães com fraturas acidentais. Os achados radiológicos indicaram cinco características que devem elevar o índice de suspeita de abuso e apoiar um diagnóstico de Fraturas Não Acidentais:
(1) a presença de múltiplas fraturas;
(2) as fraturas que ocorrem em mais de uma região do corpo (membro anterior, dos membros posteriores, ou axial);
(3) as fraturas transversas;
(4) as fraturas que se apresentam  numa fase posterior de cura (apresentação em atraso);
(5) múltiplas fraturas em diferentes estágios de cura.

        Muitos achados deste estudo se correlacionam com os padrões observados em fraturas não acidentais em humanos. No entanto, alguns aspectos apresentam diferenças significativas, chamando a atenção para que   que a ciência forense veterinária não pode se basear  em dados de estudos humanos existentes.


quarta-feira, 8 de outubro de 2014

FBI APROVA ADIÇÃO DE CRUELDADE CONTRA ANIMAIS COMO CRIME AO SEU SISTEMA NACIONAL DE BASE DE DADOS

      Nos Estados Unidos,  o FBI aprovou recentemente a adição de crueldade contra animais como crime ao Sistema Nacional  na sua Base de Dados - Uniform Crime Report (UCR / NIBRS). A autorização foi assinada  pelo diretor do FBI, James B. Comey, em  setembro deste ano.

       Essa medida vem auxiliar as organizações que lidam com a crueldade contra os animais e suas ligações com a violência humana,  o que possibilitará controlar a incidência de crimes e crueldade contra os animais. Sob o novo sistema, os crimes de crueldade contra os animais serão relatados por mais Agências e serão  enquadrado como Grupo A:  1) Ofensa , dividida em quatro sub-categorias: a simples negligência / bruto; abuso e tortura intencional;  abuso organizado; e abuso sexual animal. 2) Crueldade, foi definida como: Intencionalmente, com conhecimento de causa, ou de forma imprudente tomar uma ação que maltrata ou mata qualquer animal sem justa causa, como torturar, atormentar, mutilar , envenenar , ou abandono. Incluem-se: dever de fornecer abrigo, alimentos, água, tratamento a feridos; transportar  ou confinar um animal de uma forma susceptível de causar ferimentos ou morte; uso de animal para lutar com outro; e infligir dor ou sofrimento desnecessário excessiva ou repetidamente.  O programa americano UCR (Uniform Crime Report) foi concebido em 1929 pela Associação Internacional dos Chefes de Polícia, e administrado desde 1930 pelo FBI para atender a necessidade de estatísticas confiáveis  ​​sobre a criminalidade. O  NIBRS (Sistema Nacional na sua Base de Dados ) foi implementado em 1989 para melhorar a quantidade e a qualidade dos dados de criminalidade recolhidos pela polícia objetivando  ter informações mais detalhadas sobre cada ocorrência de crime único. "Hoje, a pesquisa científica esmagadora demonstra a estreita relação entre os crimes de crueldade contra  animais e outros tipos de crimes, incluindo violência interpessoal, crimes contra a propriedade,  e infrações provocadas pelo abuso de droga. Muitas vezes, é um marcador de um criminoso com uma maior tendência para a violência. Até recentemente,  a violência contra crianças, a violência doméstica contra idosos, e outras  tinham  sido consideradas sem relação com a violência contra os animais. A correlação que já foi estabelecida entre o abuso contra o animal, a violência familiar, e outras formas de violência na comunidade pode ser monitorada e documentada pela aplicação da  lei ", exclamou John Thompson, Diretor Executivo Interino dos Xerifes Nacionais .

terça-feira, 7 de outubro de 2014

TRANSPORTANDO ANIMAIS COM SEGURANÇA E CONFORTO

As condições que envolvem o transporte são extremamente relevantes quando se fala em Bem-estar animal (BEA). Tipo de caminhão e modelo de carroceria, densidade, condições das estradas e condições climáticas, tempo de transporte e distância até o destino,bem como o treinamento dos motoristas são cruciais para proporcionar aos animais bem-estar.
Um transporte inadequado pode levara contusões e hematomas que são considerados indicadores de um bem-estar pobre. Inúmeros estudos vêm demostrando a relação entre essas lesões e a falta de cuidados mínimos com os animais no que tange ao seu bem-estar.
A legislação europeia vem obrigando os países exportadores a tomarem medidas efetivas no quesito BEA. O Brasil vem se debruçando sobre o assunto e avançando nesse tema. No ano de 2012,o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) se reuniu com representantes de empresas que atuam no setor de transporte de animais de produção e estes apresentaram o que vem sendo disponibilizado atualmente como meio de transporte de bovinos por rodovia. Esses dados estão com o Grupo de Trabalho que está regulamentando a questão do transporte de animais de produção no país. Para um transporte de qualidade, algumas características referentes aos veículos devem ser observadas.
Desenho e manutenção de Caminhões e Carrocerias(adaptado OIE/int)
a) Devem ser concebidos, construídos e montados de acordo com a espécie, o tamanho e peso dos animais a serem transportados. Os materiais devem ser seguros e lisos, sem saliências e pontas para evitar lesões nos animais. Do mesmo modo, deve ser seguro para a pessoa que vai lidar com os animais.
b) Devem ser projetados com as estruturas necessárias para fornecer proteção contra as intempéries e minimizar o potencial de fuga dos animais.
c) Devem permitir uma limpeza e desinfecção que evite o acumulo de fezes e urina durante a viagem, minimizando a probabilidade da propagação de doenças infecciosas.
d) As peças mecânicas e estruturais dos veículos e carrocerias devem ser mantidas em bom estado de conservação.
e) Devem ter ventilação adequada para atender às variações de temperatura e as necessidades das espécies de animais. O sistema de ventilação (natural ou mecânica) deve ser eficaz, mesmo quando o veículo está estacionado, sendo que o fluxo de ar deve ser ajustável.
f) Devem ser concebidos de modo que as fezes ou urina de animais instalados nos pisos superiores não sejam filtradas para os pisos inferiores evitando-se a queda de dejetos nos próprios animais, nos alimentos e na água.
g) Quando os veículos são transportados a bordo de ferries ou balsas, devem ser fornecidas sistemas para segurá-los adequadamente.
h) Deve estar equipado com sistemas que permitem, se necessário, o fornecimento de comida ou água enquanto o veículo estiver em movimento.
i) Sempre que necessário, pode ser adicionado ao piso do veículo material de cama adequado, que contribui para a absorção de urina e fezes, para minimizar o risco de os animais escorregarem, protegendo-os de pavimentos rígidos e condições climáticas adversas
(especialmente os animais mais novos).

Na figura abaixo apresenta-se um modelo de caminhão de três andares para transporte de ovinos que vem sendo utilizado  em Portugal:  de aço inoxidável facilitando a limpeza e desinfecção; possui  54 baias, com capacidade para 10 a 12 animais cada uma ; 6 ventiladores, sendo dois para cada andar com capacidade de 3000 m3 de ar/h; o embarque é realizado pelo primeiro andar, terminando no terceiro, o que possibilita que o tratador permaneça em posição confortável. O desembarque é realizado de cima para baixo.No interior da carroceria existem três ventiladores, ao fundo, para cada andar e a baia de contenção. Pisos contínuos para evitar a filtragem de dejetos dos andares superiores. O condutor necessita de curso de aperfeiçoamento em Proteção dos Animais em Transporte promovido por entidade Acreditada na União Européia.
Publicado em:
A Hora Veterinária – Ano 32, nº 193, maio/junho/2013

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

ABUSO DE ANIMAIS E COMPORTAMENTO ANTISSOCIAL

        Todos os tipos de comportamentos antissociais que incluem agressão e violência  são perturbadores, não só para o indivíduo que os pratica  como  também para a sociedade. A história de comportamento antissocial em jovens é considerada por alguns estudiosos no assunto como preditiva de muitos problemas durante a vida adulta, incluindo o comportamento criminoso, fracasso no trabalho e relacionamentos  afetivos conturbados. Cada vez mais as pesquisas sobre o tema dão conta que comportamentos agressivos ocorrem dentro do contexto de outros comportamentos antissociais, como mentir, roubar, destruição de propriedade, assalto, crimes sexuais e outros crimes violentos. Dentro deste contexto, o abuso de animais pode ser considerado também como um indicativo de formas mais graves de comportamento antissocial.
         O Abuso de Animais pode ser definido como comportamento socialmente inaceitável que intencional e voluntariamente provoca dores, sofrimento ou angústia e/ou a morte de um animal, ou seja, um ato que cause sofrimento tanto físico como psicológico a um ser não humano. Aprofundando-se no tema, verifica-se, na maioria das definições, uma dimensão comportamental que inclui os atos de omissão (por exemplo, negligência) e atos de comissão (por exemplo, bater no animal). Assim, uma importante dimensão de abuso de animais é o indício de que o comportamento ocorreu propositadamente.  A exigência de intenção deliberada para causar dano exclui comportamentos que causam dor, sofrimento ou angústia para os animais como consequência de outros comportamentos, tais como, procedimentos veterinários ou práticas que fazem parte de animais de criação e da agricultura em geral.

           Motivações Para o Abuso de Animais

    Vários autores enfatizam a importância de determinar as motivações subjacentes ao abuso de animais, para melhor compreender o comportamento, e em particular o seu relacionamento com a violência humana e agressão.  Foram propostas nove categorias de motivações:
1-    Tentar controlar um animal (como bater em um cão para parar de latir).
2-     Retaliação (utilização de punição extrema para uma transgressão realizada por parte do animal).
3-     Preconceito contra uma determinada espécie ou raça. Tal motivação é acompanhada pela crença de que o animal em particular não é digno de consideração moral.
4-      Expressão de agressão através de um animal (como lutas de cães).
5-     Agindo fora da motivação para melhorar a própria agressão (como o uso de animais para prática de alvo ou para impressionar os outros).
6-     Para chocar as pessoas para diversão.
7-     Como vingança (por exemplo, matando ou mutilando o companheiro animal de um vizinho de que não gosta).
8-     Deslocamento de agressão de uma pessoa para um animal.
9-     Sadismo não específico, que se refere ao desejo de infligir dano, sofrimento ou morte na ausência de quaisquer sentimentos particular ou hostil em direção a um animal. A meta principal expressa dentro desta motivação se deriva do prazer de causar o sofrimento. Este motivo pode estar relacionado a um desejo de exercer poder e controle sobre um animal como uma forma de compensar sentimentos de fraqueza ou vulnerabilidade.

  Os estudos sobre o assunto ainda estão em curso, limitações ainda existem no que se refere à metodologia, grupos controles, etc. , porém é inegável a necessidade de levar em conta a correlação entre abuso animal e comportamento antissocial  e agressivo. Abuso contra os animais além de serem alarmantes por si só, são comportamentos criminosos que se desviam das atitudes morais e éticas da grande maioria das pessoas.

Publicado em:
 A Hora Veterinária – Ano 32, nº 191, janeiro/fevereiro/2013

domingo, 5 de outubro de 2014

Um pouco de história sobre o BEA.

A utilização dos animais tanto para a pesquisa como para o ensino é um assunto bastante controvertido que tem levantado polêmica desde muitos anos. Já na antiguidade o tema era discutido. Hipócrates utilizava os animais para fins didáticos, relacionando seus órgãos com os órgãos humanos. Galeno utilizava os animais para a realização de vivissecções, com o objetivo de testar e observar as reações provocadas, sendo um dos precursores da experimentação animal.. O pensador Francis Bacon defendia uma atitude experimentalista em relação aos animais, defendendo a filosofia da dominação e manipulação da natureza. Com Descarte, o racionalismo se sobressaiu, com sua frase “Cogito ergo sum- penso, logo existo”, separando o homem dos demais seres vivos; relacionava a alma ao pensamento e a sensibilidade, e os animais não tendo alma, não poderiam sentir dor. Nessa época, difundiu-se na Europa a prática da vivisseção. Jeremy Benthan foi o filósofo que reconheceu como um princípio moral básico a igualdade de interesses, aplicando-o a outras espécies da mesma forma que aplicaria a espécie humana, ou seja, os interesses de cada ser afetado por uma ação devem ser levados em conta, e receber o mesmo peso que os interesses semelhantes de qualquer outro ser. O autor, em 1789, lança as bases para o  tema bem-estar animal, com o a pergunta: A questão não é, eles são capazes de  raciocinar, nem São capazes de falar mas sim,Eles são capazes de sofrer? Ou seja,o que confere a um ser o direito a igual consideração com outros seres é o direito de sofrer e/ou de sentir prazer ou felicidade. A publicação do livro Animal Liberation de Peter Singer , em 1975, iniciou um debate sobre a utilização de animais para experimentação, onde o autor denuncia o uso de animais principalmente pela indústria cosmética, o que deu início a uma série de manifestações públicas.contra tal fato. Nesse mesmo período, os experimentos realizados pelas Forças Armadas Americanas, tanto com macacos como com cães da raça beagle provocou uma onda de protesto nos Estados Unidos. As definições realizadas por Russel e Burch, em 1959, que publicaram os 3 Rs da Experimentação animal: replace, reduce, refine, tem orientado a utilização de animais em pesquisas científicas. Devem ser respeitados critérios mínimos, que imponham limites de dor e sofrimento aos animais e os projetos necessariamente devem ser avaliados por um comitê independente.
Em relação a utilização de animais para fins didáticos, uma mudança está em curso. A pressão da opinião pública tem alavancado o desenvolvimento de modelos inanimados e outros métodos substitutivos a utilização de animais vivos e sadios para o ensino. Nos Estados Unidos e Canadá e mais timidamente, também no Brasil, o número de escolas de Veterinária que utilizam animais vivos para suas práticas cirúrgicas vem decrescendo. Buyukmihci afirma que  a morte de animais no ensino de Medicina Veterinária continua mais por conveniência ou hábito, e não por que é pedagogicamente necessário, existindo, no momento, muito mais alternativas do que matar animais sadios. Os estudos buscando alternativas para disciplinas como fisiologia, farmacologia e cirurgia tem avançado bastante. No Brasil, já tem escolas utilizando somente cadáveres para o ensino de cirurgia, enquanto que outras utilizam também peças provenientes de abatedouro, bem como a realização de programas de esterilização de caninos e felinos, que são disponibilizados aos alunos com o objetivo de promover treinamento cirúrgico aos acadêmicos e de inseri-los nas questões humanitárias que envolvem o bem-estar animal.
A questão da ética e do bem-estar animal que começa a ser discutida dentro da comunidade acadêmica e científica sinaliza novos tempos que passa pela  conscientização a respeito do BEA e caminha para as  mudanças que virão decorrentes desse processo.